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Preservação digital e o acesso em longo prazo

Rede Cariniana trouxe a simbologia do tempo e da longevidade a preservação de publicações eletrônicas do Museu Goeldi
publicado: 06/12/2013 16h00, última modificação: 22/08/2017 15h21

Agência Museu Goeldi – O pesquisador Dr. Miguel Ángel M. Arellano, Coordenador da Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital – CARINIANA, mestre e doutor em Ciências da Informação pela Universidade de Brasília (UNB), atualmente Tecnologista do Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia (Ibict), foi o palestrante do Seminário de Lançamento da Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital – Cariniana, da Região Norte. O pesquisador foi convidado pela Coordenação de Informação e Documentação (CID) do Museu Goeldi onde abordou temas freqüentes dentro da rede como as atividades de preservação digital, os tipos de software usados para a preservação de publicações eletrônicas, as etapas de facilitação e orientação para os formatos digitais das próximas décadas.

Durante sua apresentação, o pesquisador foi enfático em dizer que as mídias atuais são obsoletas. “Haverá um aparelho que daqui a cem anos lerá um CD? Se já não tem como ler um disquete hoje”. Para Arellano, todo mundo que tiver uma mídia que já está ficando obsoleta deve ir migrando para outras mais atuais para não perder as informações. “Eu tenho várias fitas VHS em casa e não tenho mais como ver. Devo repassar para CD porém, muitas vezes, a falta de tempo não permite. E depois do CD, vou ter que passar para outro tipo de mídia para não perder essas informações das fitas VHS. Então, estamos perdidos”.

Dr. Miguel ressaltou em sua apresentação que os materiais estão mudando constantemente. Nos últimos 40 anos, muita coisa mudou, e essa constante mudança trouxe diversas formas de armazenamento das informações. Eram usados fita de papel, cartão perfurado, fita magnética, disquete, o CD e o pendrive. “Essas coisas nos ajudam sim, mas não é a única maneira de preservar a informação. Elas são apenas mídias e as mídias são obsoletas, estão mudando constantemente. Entre o disquete e o pendrive se passou apenas 10 anos. Imagina o que ainda não vai mudar nos próximos 10 anos”, estimula o pesquisador.

Para Arellano, as informações são muito valiosas e deve-se pensar muito em como e onde está sendo guardado. “Hoje, se você não preservar você vai perder conhecimento. Muito conhecimento que está sendo produzido hoje vai se perder ou já se perdeu. Estamos em uma sociedade que consome muita informação mas que, também, perde muita informação. Isso já é um problema muito grande, mas não só um problema nosso, individual, quando temos que mudar nosso computador, nosso laptop, mas as empresas estão perdendo muita informação. Esses formatos atuais, CDS, disco rígidos, tem uma vida útil muito pequena, muito breve”.

Sendo essas mídias muito frágeis, então qual a solução em longo prazo? “O modelo de preservação distribuído. Você vai fazer várias cópias e uma delas vai sobreviver com o tempo. Então, esse é o caminho para a preservação”, destaca Arellano.

Cariniana - A Rede tem esse nome pela força de seu significado. Considerada uma das Maiores  árvores nativas no Brasil, pode atingir 50 metros de altura e um tronco com até 7 metros de diâmetro. Cariniana é um gênero de planta lenhosa (árvore) da família Lecythidaceae, espécie, descrita por Casaretto no Rio de Janeiro de 1842 como Cariniana brasiliensis ou o Jequitibá-Rosa, como é popularmente conhecido.

Mais do que tamanho e força, a implantação da Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital – CARINIANA trouxe a simbologia do tempo e da longevidade à preservação. A rede surgiu da necessidade de se criar no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) um serviço de preservação digital de documentos eletrônicos brasileiros de livre acesso. Na Rede já foram incluídos cerca de 1000 títulos de periódicos que constam na página de portais do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas – SEER.

A Coordenação de Informação e Documentação (CID) do Museu Goeldi, no último dia 4 de dezembro de 2013, realizou o Seminário de Lançamento da Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital – Cariniana, da Região Norte.

Na ocasião, na abertura do seminário, Aldeídes Camarinha, coordenadora da CID, ressaltou dificuldades e facilidades dos serviços na instituição antes da chegada da Rede Cariniana ao Museu. “Os arquivistas sofreram muito com as mudanças tecnológicas, desde os disquetes até a preservação em outras mídias. Quanta informação foi perdida”.

Hoje, com a Cariniana, a coordenadora diz que o Museu terá uma responsabilidade compartilhada. “Agora seremos uma Rede. Quando éramos isoladas, poucas instituições conseguiram migrar as informações dos disquetes, das mídias antigas, para outros suportes. Além disso, a rede também chega de forma institucionalizada, sendo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação, o grande responsável por essa preservação no Brasil, e nós instituições de pesquisas, os executores”.

A rede precisa da participação de instituições detentoras de documentos e tecnologia em ambiente padronizado e de segurança que garanta o acesso permanente e o armazenamento monitorado dos documentos digitais. Com o apoio da Agência Brasileira de Inovação (FINEP), em janeiro de 2013, o Ibict aderiu ao Programa LOCKSS da Stanford University.

O site do Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia (IBICT) deve, nos próximos anos, disponibilizar seus serviços de preservação digital para a comunidade que lida com informação científica e tecnológica, passando a preservar digitalmente acervos patrimoniais de bibliotecas, arquivos e centros de memórias institucionais do Brasil, como o Museu Goeldi.

Texto: Silvia de Souza Leão

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