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Minha Ilha - a nova exposição no Museu Goeldi

A partir deste sábado, 9, a instituição convida seus visitantes para conhecer a singularidade da relação entre o vaqueiro e a porção oriental do Marajó
publicado: 08/05/2015 09h00, última modificação: 20/02/2018 12h32

Agência Museu Goeldi - Importante personagem que compõe o cenário social e cultural do arquipélago do Marajó, o vaqueiro marajoara tem as peculiaridades do seu dia a dia retratadas na nova exposição fotográfica que o Museu Paraense Emílio Goeldi abre para seu público neste sábado, 9, no Pavilhão Domingo Soares Ferreira Penna, a Rocinha do Parque Zoobotânico. O trabalho autoral é do premiado fotógrafo paraense Octavio Cardoso.

A exposição “Minha Ilha – Campos abertos do Marajó”, que reúne 20 fotografias e 3 obras táteis, é resultado de 6 meses de um registro pautado por um olhar poético e pessoal do fotógrafo sobre a relação existente entre o homem e a natureza da porção oriental da ilha do Marajó, especificamente nos municípios de Cachoeira do Arari, Santa Cruz, Muaná e Soure. Assista ao trailer da exposição acessando o canal do MPEG no YouTube, clicando aqui.

8-5-2015.1.jpgA vontade de fotografar os campos abertos e o vínculo entre o homem e o gado foi influenciada pelas experiências de Octavio desde a infância. “Minha família tinha fazenda no Marajó, por isso conheço o lugar desde criança e sempre vi o vaqueiro e essa paisagem, então quando comecei a fotografar foi natural o surgimento do meu interessasse em registrar essa atividade”, conta Cardoso.

A experiência em capturar nuances do Marajó já contabiliza 30 anos e, segundo o fotógrafo, foi esta vivência que deu condições para a realização do trabalho em exposição no Museu Goeldi. “Inicialmente, além de achar interessante, eu achava que algumas coisas na atividade do vaqueiro poderiam mudar como tempo e é essa a percepção quando comparo as fotos mais antigas com as atuais. Com o passar dos anos talvez eu tenha me desligado um pouco dessa coisa mais rígida do documento e fiquei mais solto para desenvolver uma poética do tema. Nessa exposição não trouxe material antigo, mas com certeza esses anos para trás me ajudaram a fazer esse trabalho de agora ”.

O despertar do olhar de Octavio para a atividade do vaqueiro local, além da familiaridade com o Marajó, também vem da singularidade que os aspectos geográficos imprimem ao homem do campo, como explica: “O Marajó tem uma geografia e um clima com contrastes muito grandes, que varia entre época de muita chuva e de seca. Isso faz com que o trabalho do vaqueiro seja muito específico e exige dele que as tarefas sejam executadas muito mais no campo do que no curral, assim como exige habilidade  e coragem, além de estar inserido numa paisagem muito bonita, tanto no alagado do inverno quanto na seca do verão, que apresentam uma plasticidade fotográfica muito interessante”.

No ano de 2014, o projeto de Otávio Cardoso sobre o vaqueiro do Marajó foi selecionado e apoiado pelo Prêmio Marc Ferrez, organizado pela Fundação Nacional de Artes (FUNARTE), do Ministério da Cultura. Neste projeto, além da exposição estão previstas ações educativas e de inclusão social.

Educação, interatividade e acessibilidade – A responsabilidade social do projeto está presente no trabalho que a equipe de Otavio realiza com estudantes do Liceu Escola Mestre Raimundo Cardoso, localizada no distrito de Icoaraci, em Belém, e da Escola Adaltino Paraense, de Cachoeira do Arari, no Marajó.

A equipe do projeto Minha Ilha escolheu a arte-educação para aproximar os educandos do universo da fotografia e do vaqueiro, por meio de oficinas e exposições reduzidas nas escolas. “O trabalho é surpreendente e emocionante. Fiquei muito contente como resultado, pois tomou uma proporção muito maior do que eu imaginava, inclusive com desdobramentos. Os alunos de Cachoeira do Arari, por exemplo, realizaram uma feira cultural que não estava prevista no projeto”, explica Octavio Cardoso.

Além da arte-educação, o projeto possibilita que pessoas sem visão possam enxergar as imagens de outra forma: através da cerâmica. Algumas fotografias foram “impressas” em placas de cerâmica, confeccionadas em Icoaraci, região conhecida pela reprodução de peças da cerâmica marajoara.

Sobre a acessibilidade, Cardoso comenta que “um dos critérios do projeto era prever este tipo de recurso, então resolvemos trabalhar com a deficiência visual e tudo foi se ligando. Por si só as placas já são uma obra de arte. Além de ficarem bonitas para quem vê, eu acho que elas são de grande utilidade para quem não vê. Não sou da área de educação e acessibilidade, mas fiquei muito contente de ter trazido isso para dentro do projeto”, finaliza.

A exposição é sinestésica, envolve visão tato e audição, por isso, todos os visitantes poderão ter essa experiência sensorial e interativa. No site do projeto, a ser lançado no dia da abertura da exposição, serão disponibilizadas fotografias e informações diversas. Quem se interessar, pode acessar no dia 9 de maio o endereço eletrônico www.octaviocardoso.com.br.

Marajó – Segundo Pedro Lisboa, pesquisador do Museu Goeldi, no livro “Terra dos Aruãs”, o vaqueiro do Marajó “é aquele ajudante das fazendas, que galopa pelos campos marajoaras cuidando dos rebanhos bovinos e bubalinos”. Esta função é disseminada ao longo das gerações, de pai para filho, com a inserção dos garotos no exercício de laçar novilhos.

É no arquipélago do Marajó, no Pará, cujo a ilha principal tem extensão aproximada de 59.044 km², que vive este sujeito, cercado por rio e mar: a costa norte é banhada pelo oceano Atlântico e canal Norte do rio Amazonas; a leste pelo Oceano Atlântico e Baía do Marajó; a oeste pelas regiões dos furos; e a sul pela pelas águas da foz dos rios Pará e Tocantins, como menciona Pedro Lisboa.

A paisagem do local apresenta campos, florestas e mangues habitados por cerca de 250 mil pessoas, moradoras de 26 municípios.

O Marajó tem sido foco de interesse do Museu Goeldi desde sua criação, em todos seus campos de conhecimento, tanto nas ciências naturais quanto nas ciências humanas. Foi o próprio Emílio Goeldi que, durante a seca no Marajó descreveu os hábitos da piramboia, o peixe pulmonado. Também foi o zoólogo que descobriu um pequeno peixe que só foi estudado um século depois.

A exposição minha ilha segue do dia 9 de maio até o dia 27 de setembro.

Texto: Mayara Maciel

 

Serviço

Exposição Minha Ilha

Curadoria: Octavio Cardoso

Abertura: 9 de maio de 2015

Encerramento: 27 de setembro de 2015

Local: Pavilhão Domingo Soares Ferreira Penna, a Rocinha do Parque Zoobotânico

Horário: De terça a domingo, de 9h às 17h

 

Texto: Mayara Maciel