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Agência de Notícias

Ferrugem, doença que aterroriza

Estudar fungos representa a segurança em muitas áreas da vida humana
publicado: 25/06/2013 10h45, última modificação: 14/08/2017 10h00

Agência Museu Goeldi – Uma doença que aterroriza produtores agrícolas, a ferrugem é uma das mais devastadoras enfermidades em plantas. As “ferrugens” (fungos da ordem Pucciniales) são assim denominadas devido à lesão em forma de massa pulverulenta de coloração amarela, vermelha ou, em alguns casos, branca. 

Essa é uma indicação clara de que a planta está doente e que há risco de contaminar todo o plantio. Isso é, particularmente, perigoso, porque o principal mecanismo de dispersão dos esporos é o vento, que pode carregá-los por milhares de quilômetros, assemelhando-se às sementes das plantas. 

Pesquisadores estudam como forma de associar a ocorrência dos fungos com as estações do ano. As espécies estão sendo monitoradas e relacionadas aos dados meteorológicos da Região Metropolitana de Belém (RMB), visando à compreensão do desenvolvimento dos sintomas apresentados no período de estudo.

Essa praga tem tamanho mínimo e cada lesão pode conter milhões de esporos, bastando que apenas um deles consiga germinar para generalizar uma infecção. 

Estudo desenvolvido no Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), em Belém, realiza inventário dos fungos Pucciniales com ocorrência em plantas da Grande Belém. O acadêmico de Agronomia, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), e bolsista de Iniciação Científica do Museu Goeldi, Fabiano Melo de Brito apresenta resultados parciais de pesquisa sobre o tema “Fenologia e aspectos ecológicos de fungos da ordem Pucciniales (ferrugens) da Região Metropolitana de Belém, Pará, Brasil” no 21º Seminário de Iniciação Científica – Pibic.

Muitas espécies de plantas são atacadas pela doença e, embora o nome seja o mesmo, muitas vezes, o agente causador da ferrugem é diferente. As ferrugens se desenvolvem, principalmente, em climas amenos, com temperaturas moderadas e muita umidade. Daí sua incidência maior em períodos muito chuvosos. O esporo só germina se a planta está molhada. Mas como nem todos os esporos germinam, nem todos os esporos geram novas infecções.

Os danos causados às plantas são irreparáveis uma vez que as áreas afetadas não têm capacidade regenerativa. Em culturas de plantas ornamentais, é melhor descartar as plantas atacadas para evitar que a praga se espalhe. Já em grandes culturas, o uso de fungicidas pode minimizar o impacto negativo sobre a produção, mas não existem fungicidas que curaem as plantas e, sim, preventivos.

Pesquisa – Orientado pela pesquisadora Dra. Helen Sotão, Fabiano fez uso de material coletado mensalmente no período de agosto de 2011 e junho de 2013. Os espécimes foram incorporados no Herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Embrapa/Amazônia Oriental. A adição de espécimes permite não só o enriquecimento dos acervos como o acompanhamento da relação entre o clima e fenômenos biológicos periódicos como a floração e frutificação de plantas de algumas espécies e seus aspectos ecológicos.

Segundo o autor do trabalho, quatro espécies de ferrugens foram selecionadas para o acompanhamento dos estudos fenológicos: Coleosporium plumeriae Patouillard; Prospodium palmatum H.S. Jackson & Holaw; Olivea neotectonae (T.S. Ramakrishnan & K. Ramakrishnan)Buriticá & Salazar e Phakopsora arthuriana Buriticá & Hennen. Como resultados, foram identificados parcialmente, 183 espécimes, classificadas em 43 espécies da ordem Pucciniales. Os espécimes estudados parasitavam 46 gêneros de plantas hospedeiras, classificados em 25 famílias vegetais. Isso evidencia a especificidade entre as espécies de ferrugens na categoria de Família, mas uma mesma ferrugem pode ocorrer em mais de um gênero de planta da mesma família. 

Além dos estudos em materiais já catalogados, uma nova espécie de fungo está sendo descrita para a ciência (Soratea sp), assim como novos registros serão apresentados à Amazônia:Sphenospora kevorkianii Linder; O. neotectonae; Puccinia commelinae Holway, P. palmatum H.S. Jackson & Holway; e para o Estado do Pará: C. plumeriare Patouillard. 

Serviço – XXI Seminário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Pibic/CNPq, de 24 a 28 de junho de 2013, no Auditório Dr. Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, sito Avenida Perimetral, 1901 – Terra Firme. 

Para saber mais, acesse: Programação XXI Seminário de Iniciação Científica – Pibic

 

Texto: Ricardo de Sousa