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Agência de Notícias

As fascinantes baleias que ocorrem na Costa Norte do Brasil

A exposição “Baleia à vista” apresenta, a partir desta sexta-feira (4), esqueletos e peças ósseas de cinco espécies dos maiores animais da Terra no Aquário Jacques Huber. A mostra, uma das novidades especiais nos 153 anos do Museu Goeldi, é resultado do trabalho do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da instituição em parceria com o Instituto Bicho D’água e conta com investimentos da Celpa e apoio do Instituto Peabiru.
publicado: 03/10/2019 10h30, última modificação: 09/10/2019 13h54

Agência Museu Goeldi – Desde Jonas, no Antigo Testamento, à Moby Dick são várias as referências produzidas ao longo do tempo sobre as baleias, as maiores criaturas do planeta. A não ser que estejam encalhadas, elas dificilmente são vistas próximas ao litoral da zona costeira da Amazônia, uma região com cerca de 300 quilômetros de extensão de plataforma continental, com águas de baixa profundidade. Mas, sim, nós temos baleias na Costa Norte do Brasil. Esses mamíferos aquáticos gigantes só estão um pouco distantes das nossas vistas porque se adaptaram a viver em águas mais profundas. A nova exposição do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) aproxima os visitantes dessa biodiversidade e convida para uma experiência inédita: que tal um mergulho no fascinante mundo das baleias?

Baleia à vista.pngCom a curadoria dos biólogos Horácio Higuchi e Renata Emin, a exposição “Baleia à vista” reúne esqueletos e peças ósseas de cinco das espécies de baleias que ocorrem na Costa Norte do Brasil: baleia-fin (Balaenoptera physalus), baleia-azul (Balaenoptera musculus), baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), baleia-minke-antártica (Balaenoptera bonaerensis) e cachalote (Physeter macrocephalus). A mostra será inaugurada nesta sexta-feira (4), no Aquário Jacques Huber, a partir das 10h, como parte da programação de aniversário do Museu Goeldi, que completa 153 anos no dia 6 de outubro.

“Diferente dos litorais do Sudeste e Sul do Brasil, por exemplo, na Costa Norte temos muitos quilômetros de águas rasas, por isso, raramente vamos ter baleias à vista, mas elas ocorrem, sim, em nossa região. Das 85 espécies que fazem parte do grupo dos Cetáceos, onde estão as baleias, já foram registradas na zona costeira amazônica 27 espécies. Isso é um número bastante expressivo e temos que nos orgulhar dessa biodiversidade!”, explica Renata Emin, presidente do Instituto Bicho D’água e pesquisadora colaboradora do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Coordenação de Zoologia do Museu Goeldi.

Baleia à vista.pngO acervo em exposição faz parte da Coleção de Mastozoologia do Goeldi, incluindo os ossos da baleia-jubarte – resgate mais recente, ocorrido em fevereiro deste ano, em um manguezal no município de Soure, no Marajó (PA). O resgate das outras espécies de baleias, que vieram a óbito após o encalhe, começou na década de 1990 em diferentes localidades do Pará: Soure (1990 e 2019), Bragança (2006), Curuçá (2007) e Quatipuru (2010). Apesar do grande tamanho das peças ósseas (até 15 metros), todas as baleias em exposição ainda eram filhotes. O transporte de parte dos ossos até a instituição contou com a colaboração dos militares do 2° Batalhão de Infantaria de Selva, do Exército Brasileiro.

A mostra é uma realização do Museu Goeldi e do Instituto Bicho D’água, com investimentos da concessionária Equatorial Energia Celpa e o apoio do Instituto Peabiru, que coordena o ProGoeldi.

Baleia à vista.pngBaleias – As espécies de Cetáceos estão divididas em dois subgrupos: os Odontoceti (70 espécies), que têm dentes verdadeiros, como os golfinhos, o cachalote e a orca; e os Mysticeti (15 espécies), no qual está a maior parte das baleias que, ao invés de dentes, possuem barbatanas ou cerdas bucais.

Em relação ao tamanho das baleias, os números variam de espécie para espécie. O maior animal do planeta, por exemplo, é a baleia-azul (Balaenoptera musculus), que pode chegar a 30 metros de comprimento e 150 toneladas – o comprimento de uma baleia-azul adulta se aproxima da altura de um prédio de dez andares.

As baleias vivem e se alimentam nas águas geladas próximas aos polos Norte e Sul e migram para regiões mais quentes somente para acasalar e parir. Elas retornam aos ambientes gelados depois dos filhotes acumularem gordura suficiente para suportar o frio das águas polares. Durante a migração em direção aos trópicos, alguns indivíduos, principalmente filhotes, podem se desgarrar e ficar perdidos, acabando por encalhar em praias e bancos de areia. É o que tem ocorrido na costa paraense.

Próxima à Linha do Equador, a costa norte brasileira é composta por uma série de bacias hidrográficas, que compõem o grande estuário (transição entre rio e mar) amazônico. Com quase três mil quilômetros de extensão e uma longa plataforma continental, a costa se estende desde o rio Oiapoque, no Amapá, até a Ilha de São Marcos, no Maranhão, passando por diversos municípios paraenses como Bragança, Chaves, Curuçá, Marapanim, Quatipuru, Salinópolis, Salvaterra, São Caetano de Odivelas, Tracuateua, Viseu, entre outros.

Baleia à vista.pngAmeaças – A nova exposição do Museu Goeldi também busca alertar as pessoas para os perigos que ameaçam a sobrevivência das baleias. Permitida em alguns países como a Noruega, Islândia e Japão, a caça é um dos principais perigos. Além disso, as mudanças climáticas, a poluição dos mares e a captura acidental também colocam em risco os animais. Pelo menos oito espécies de baleias estão na lista de animais em risco de extinção.

“As baleias estão condenadas a desaparecer se as práticas que ameaçam as espécies não forem revistas. Isso é um alerta até para o papel de cada um de nós nessa sociedade de consumo, que agride a biodiversidade do planeta. Se as pessoas que passarem pela exposição, além de conhecer um pouco sobre as baleias, saírem mais conscientes da necessidade de protegê-las, ficaremos satisfeitos”, afirma Horácio Higuchi, curador do Aquário do Museu Goeldi.

GEMAM – Nascido em 2006, no Museu Goeldi, o Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (GEMAM) foi criado com o objetivo de obter informações sobre as espécies de botos, baleias, golfinhos e peixes-boi que ocorrem na costa amazônica. O grupo desenvolve atividades de monitoramento de encalhes de mamíferos aquáticos em praias e faz o recolhimento de carcaças de botos, resgate de baleias e golfinhos encontrados mortos no litoral do Pará; avalia as interações entre os mamíferos aquáticos e as atividades humanas; realiza resgates e reabilitação de peixes-boi; e o monitoramento das populações de botos, buscando mais informações sobre as áreas de ocorrência desses animais.

Texto: Phillippe Sendas

 

Serviço | Abertura da Exposição “Baleia à Vista”

Data: 04 (sexta-feira), às 10h.

Funcionamento: Terça-feira a domingo, de 9h às 17h. Entrada livre.

Local: Aquário Jacques Huber, Parque Zoobotânico, Museu Goeldi (Av. Magalhães Barata, 376, São Brás).

Valor do ingresso único: R$ 3,00         

Obs: A bilheteria fecha às 16h15.