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Emílio Goeldi (1859-1917)

O zoólogo suíço Emílio Goeldi frequentou as universidades de Leipzig e Jena (Alemanha), no curso de Zoologia e Anatomia Comparada. Formou-se por esta última universidade, defendendo em sua tese de doutorado um estudo genealógico e de anatomia comparada de três espécies europeias de peixe. Ele foi defensor da corrente evolucionista no campo da zoologia. Em 1884, iniciou suas pesquisas na área de zoologia aplicada.

Naquele mesmo ano, recebeu um convite do diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Ladislau Neto (1839-1894), para assumir o cargo de subdiretor da seção zoológica daquela instituição. Em novembro de 1884, Emilio Goeldi chegou ao Rio de Janeiro. Lá desenvolveu trabalhos de pesquisa e publicou artigos sobre temas variados, com destaque para estudos sobre a relação entre plantas e insetos. O zoólogo permaneceu no Museu Nacional até maio de 1890.

Mesmo após sua saída do Museu Nacional, Goeldi continuou a fazer pesquisas que resultaram em importantes publicações, como a obra Os mamíferos do Brasil (1893) e, no ano seguinte, o primeiro volume de As Aves do Brasil (1894). Provavelmente, foi a partir desses trabalhos que o então governador do Estado do Pará, Lauro Sodré (1858-1944), tomou conhecimento do naturalista e não tardou a contratá-lo para promover uma reformulação no antigo Museu Paraense.

Assim, em maio de 1894 o zoólogo chegou em terras paraenses para ocupar o cargo de diretor da instituição. Com o objetivo de estudar, desenvolver e difundir as ciências no Pará, na Amazônia, no Brasil e em todo o continente americano, Goeldi promoveu significativas mudanças institucionais a partir das coleções científicas, da publicação de trabalhos e da educação. Também foi responsável pela criação do jardim zoológico e do horto botânico, atraindo a população para conhecer a nova instituição.

Emílio Goeldi desempenhou importante papel diplomático durante o Contestado Fraco-Brasileiro, defendendo uma posição favorável ao Brasil na disputa territorial pela antiga Guiana (atual Estado do Amapá). Por meio de um decreto no ano de 1900, acabou sendo homenageado pelo governo estadual, que alterou o nome do Museu Paraense para Museu Goeldi.

Entre os trabalhos de maior destaque por ele desenvolvidos durante sua estadia na região amazônica, estão a criação do Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnografia (1894); a coleção seriada Memórias do Museu Paraense (1900); estudos taxonômicos sobre aranhas e vermes; descrição de peixes, macacos, aves e insetos existentes no Museu; estudos biológicos sobre mamíferos, aves, anfíbios, répteis e artrópodes (besouros e formigas); pesquisas sobre entomologia médica, entre outras. Sobre esta última área, destaca-se a obra “Os Mosquitos no Pará” (1905), incentivada pelo contexto local de final do século XIX, quando a febre amarela voltava a atingir os imigrantes estrangeiros no Estado.

O cientista também publicou trabalhos relacionados à questão racial, à relação entre natureza e cultura e à etnologia, com destaque para o relato de descobertas arqueológicas na região do Amapá (1895).

Emílio Goeldi foi demitido do Museu em março de 1907, sob a justificativa “oficial” da necessidade de cuidar de sua saúde e da educação de seus filhos. Naquele mesmo ano, retornou para a Suíça, sendo novamente inserido no meio científico europeu. O naturalista faleceu em 5 de julho de 1917, devido a um infarto do miocárdio. Sua esposa e seus 7 filhos retornaram ao Brasil em 1919, fixando residência no Rio de Janeiro.


Referências

Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 2009. Belém: MPEG, 2009. V. 4 n. 3. pp: 489-503.

CUNHA, Osvaldo Rodrigues da. Talento e Atitude: estudos biográficos do Museu Emílio Goeldi, V. I. Belém: MPEG, 1989.

JUNGHANS, Miriam. Emília Snethlage (1868-1929): uma naturalista alemã na Amazônia. In: Revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008, V.15, suplemento, p. 243-255, Jun. 2008.

SANJAD, Nelson Rodrigues. Emílio Goeldi (1859-1917): a ventura de um naturalista entre a Europa e o Brasil. Rio de Janeiro: EMC, 2009.