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Agência de Notícias

Uma torre dentro d’água

Mudanças climáticas orientam pesquisas numa das últimas fronteiras preservadas do Trópico Úmido
publicado: 11/12/2013 11h15, última modificação: 22/08/2017 14h48

Agência Museu Goeldi - Investigadores daqui e de fora lançam mão de recursos científicos diversos para produzir conhecimento sobre uma importante parcela da Floresta Amazônica, a unidade de conservação brasileira, a Floresta Nacional de Caxiuanã. É lá que o Museu Paraense Emilio Goeldi, instituto de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, mantém uma Estação Científica, a “Ferreira Penna”, justa homenagem ao idealizador da Associação Philomática que nos idos de 1860 deu origem ao, hoje, Museu Paraense Emílio Goeldi.

É essa Estação, como poucas do seu gênero – há também na América Central La Selva, na Costa Rica e Ilha de Barro Colorado, no Panamá - que com a sua infraestrutura, atrai cientistas do mundo todo e permite a construção de uma ciência que será herança quando não mais se tiver preservada esta e outras parcelas da floresta tropical úmida no Planeta Terra.

Para o professor Dr. José Henrique Cattanio, da Universidade Federal do Pará, a Estação é responsável por “elevar o progresso da ciência na região Norte, no Brasil e no Mundo”. As pesquisas desenvolvidas em Caxiuanã, de acordo com a experiência do pesquisador que se dedica a estudos sobre manejo de solo, ciclos biogeoquímicos, microbiologia de solo, mudanças climáticas e biodiversidade, e ecologia de ecossistemas, “divulgam a Estação Científica Ferreira Penna para o mundo e, desta forma, se atrai mais pesquisadores para realizarem seus estudos”.

Geração de informação - Dados precisos de fluxo de calor e CO2, coletados a cada segundo, a partir de uma torre dentro da baia de Caxiuanã, registram informações sobre qual a importância da baia para manutenção do clima regional e global. Sob a responsabilidade do pesquisador Cattanio está o gerenciamento desses instrumentos de investigação e de muitos instalados na região (ver fotos ao lado). A exemplo de outras instituições, a UFPA faz uso da infraestrutura da Estação Científica “Ferreira Penna”, mantida pelo Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), como sendo uma área de trabalho privilegiada com grande facilidades e disponível na Floresta Nacional de Caxiuanã, no Pará.

Segundo Cattanio, dos fluxos de calor, água e gás carbônico trocados entre o ambiente aquático e atmosfera vêm informações que podem permitir a análise do papel da baia como sumidouro de carbono da atmosfera, e desta forma indicar qual a participação da baia na diminuição do efeito estufa e minimização das mudanças climáticas globais. Dados sobre balanço de radiação, chuva, temperatura e umidade relativa do ar, temperatura da água, vento (quantidade e direção) são outros que subsidiam estudos. Mas a instalação da torre é recente: data de outubro de 2012 e ainda está por render frutos científicos na forma de trabalhos, dissertação, teses.

Independente da torre, o professor já orientou inúmeros trabalhos na região. Ele considera que a FLONA de Caxiuanã é “extremamente importante para estudos de biodiversidade e clima tendo em vista que é uma área relativamente intocada e que deverá passar por um processo de exploração madeireira”.

E Cattanio vai além: “Sem a Estação Científica Ferreira Penna, minhas pesquisas seriam impossibilitadas ou teriam grau de dificuldade muito maior, além de ter um custo muito maior”.

 

Texto: Jimena Felipe Beltrão

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