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Snethlage – a alemã amazônica

Pioneira, Emilie Snethlage escreveu seu nome na história no início do século XX atuando no campo das Ciências Naturais e Humanas. O Museu Goeldi saúda as mulheres no seu dia internacional, 8 de março, lembrando dessa importante personagem e oferecendo entrada gratuita a todas as mulheres que visitarem o Parque Zoobotânico nesse dia.
publicado: 07/03/2014 09h30, última modificação: 22/08/2017 16h01

Agência Museu Goeldi – Quando Emilie Snethlage chegou ao Pará em 1905, para atuar como pesquisadora no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), ela já fazia parte de um grupo seleto – ela era uma das primeiras mulheres a possuir ensino superior na Alemanha. Ao assumir seu posto de zoóloga, a convite do naturalista suíço Emílio Goeldi, que dirigia o Museu Paraense naquela época, Snethlage quebrou outra barreira – era a primeira mulher contratada como servidora no Pará. Anos depois, uma nova marca: Emilie Snethlage assumiu a direção do Museu Goeldi, tornando-se a primeira mulher dirigente de uma instituição científica na América do Sul.

A senhorinha doutora, como ficou conhecida Emília Snethlage, chegou ao Museu Goeldi para assumir a seção de zoologia da instituição e aplicar seus conhecimentos adquiridos em universidades alemãs. À época, Emílio Goeldi reorganizava a instituição, reestruturando-a segundo um modelo empregado internacionalmente em museus metropolitanos e coloniais.

Em um trecho de biografia de 1905, não publicado, Emílio Goeldi refere-se à Dra. Snethlage da seguinte maneira: “Dispõe de brilhantes títulos acadêmicos baseados nas suas publicações científicas sobre história natural, de excelentes atestados sobre sua competência, habilidade e zelo nos trabalhos de Museu; de maneira que tudo promete augurar reais vantagens para o nosso estabelecimento com a aquisição da notável cientista”.

A biografia é parte integrante da Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira “Talento e atitude: estudos biográficos do Museu Goeldi I”, e conta a história da mulher pioneira, que chegou ao Pará para desempenhar função científica e tornou-se a primeira mulher da América do Sul a operar na direção de uma instituição científica, quando assumiu em 1914 a direção do Museu Goeldi.

No Museu Paraense, a pesquisadora pôde dedicar-se ao estudo das aves que compunham a fauna da região amazônica. Intrépida, ela idealizou e realizou explorações geográficas e etnológicas desde sua chegada - em 1905, até o ano de 1921.

Conheça um pouco mais sobre a história da Emília Snethlage.

Exposição e homenagem – Em 2014 é comemorado o ano da Alemanha no Brasil e nada mais justo o Museu Goeldi homenagear esta alemã com alma amazônica. Através de sua Coordenação de Museologia, o MPEG irá promover uma exposição sobre Emília Snethlage e suas contribuições às Ciências Naturais e Humanas. A exposição tem previsão para acontecer em abril, de 2014 e ficará em exibição até o segundo semestre.

A Coleção Didática do Museu Goeldi leva o Nome da Pesquisadora, leia mais no link.

Feitos - Entre os renomados trabalhos de Emília Snethlage, destaca-se o “Catálogo de aves amazônicas”, obra datada de 1914 que contém um total 1.117 espécies de aves inventariadas da região. Durante os setenta anos subsequentes à publicação, este catálogo vem sendo utilizado como referência para estudos da ornitologia brasileira.

A pé e na companhia de indígenas, seus guias, Emília Snethlage percorreu uma região até então desconhecida entre os rios Xingu e Tapajós, no coração da Amazônia. A travessia de um território que a cartografia não tinha registros e que rendeu repercussão internacional.

Emílie Snethlage publicou 43 artigos: 25 estão em alemão, um em inglês e os demais em português, estes tendo sido publicados nos Boletins do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde atuou depois das experiências em terras amazônicas, a partir de 1922 como naturalista-viajante. Em 1926 tornou-se membro da Academia Brasileira de Ciências.

Para saudar as mulheres neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres,o Museu Goeldi relembra as contribuições e o pioneirismo de Snethlage e avisa que as mulheres tem entrada franca neste dia. 

Texto: Júlio Matos

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