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Agência de Notícias

Relações entre o conhecimento popular e o acadêmico são temas de pesquisas de iniciação científica

Trabalhos apresentados por jovens pesquisadores observam desde a presença de agentes que podem ajudar no combate ao diabetes em ervas vendidas no Ver-o-Peso até a democratização do acervo paleontológico do Museu Goeldi para alunos da rede pública
publicado: 28/06/2013 14h15, última modificação: 01/08/2018 14h36

Agência Museu Goeldi – As apresentações das mais de 100 pesquisas de iniciação científica desenvolvidas no Museu Paraense Emílio Goeldi continuam a todo vapor. Na tarde da última quarta-feira (26) foram os estudos desenvolvidos pela Coordenação de Ciência da Terra (CCTE) que tornaram públicos seus resultados. Coordenados pela pesquisadora Dra. Maria Inês Feijó (CCTE/MPEG), os trabalhos foram avaliados pelo geólogo José Augusto Corrêa, da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Ervas amazônicas e o diabetes – A relação entre ervas vendidas no Ver-o-Peso e o combate ao diabetes foi tema transversal de dois trabalhos apresentados. Segundo a  Organização Mundial de Saúde (OMS) o diabetes está entre as cinco doenças que mais matam no mundo, e 50 mil brasileiros morrem por ano por causa da doença. Observando esse contexto e relacionando com a medicina popular presente na cidade de Belém, o bolsista Leandro Cordovil dos Santos, orientado pela pesquisadora Cristine Bastos do Amarante, realizou o estudo “Determinação de elementos essenciais e tóxicos em ervas antidiabéticas comercializadas no mercado Ver-o-Peso, Belém-PA”.

Para a pesquisa o estudante de farmácia analisou a presença de 14 elementos químicos, como o Cromo (Cr) e o Vanádio (V), na matéria seca de quatro ervas medicinais vendidas ditas antidiabéticas no mercado do Ver-o-Peso para o preparo de chás: folhas de insulina (Cissus sicyoides), pata de vaca (Bauhinia variegata), pedra-ume-caá (Myrcia sphaerocarpa) e cipó-miraruíra (Salacia impressifolia).

O bolsista esperava encontrar um alto grau de concentração de vanádio, que é um composto com a propriedade de imitar a insulina, e de cromo, que possui a capacidade de controlar o açúcar e a insulina no sangue, nas ervas analisadas. Contudo, dentre os 14 elementos químicos analisados, as concentrações de vanádio e cromo se encontraram abaixo do limite de detecção em todas as ervas. Leandro Cordovil considera que os resultados são ainda preliminares e, num futuro próximo, pretende “determinar o teor destes metais que são realmente transferidos para os chás, para saber se estas bebidas podem ser benéficas ou prejudiciais para os seus usuários”.

Flavanóides - Já o trabalho de Fábio Bruno Silva de Souza, também orientado pela pesquisadora Cristine Bastos do Amarante, analisou os flavonóides que têm ação anti-inflamatória, anti-hemorrágica, antialérgica, anticancerígena, antiviral, antimicrobiana e antioxidante presentes em ervas medicinais vendidas no ver-o-peso.

Intitulada “Flavonóides totais e atividade antioxidante em diferentes preparações de chás de ervas medicinais comercializadas como antidiabéticas no mercado do ver-o-peso, Belém-PA”, a pesquisa dosou os teores de flavonóides totais e a atividade antioxidante de ervas medicinais comercializadas como antidiabéticas no mercado do ver-o-peso.

Foram utilizadas para a pesquisa os mesmos tipos de ervas analisados por Leandro Cordovil: folhas de insulina, pata-de-vaca, pedra-ume-caá e cipó-mirauíra. O bolsista explicou que “os flavonóides podem preservar a função das células β, responsáveis por sintetizar e secretar a insulina, por isso a importância em se detectar a sua presença e quantidade em ervas vendidas para o combate ao diabetes”.

 Os resultados revelaram que as quatro ervas analisadas apresentaram altos teores de flavonóides, que são comparáveis aos encontrados no vinho tinto e algumas até superiores ao chá preto. O destaque foi a erva insulina, que apresentou os maiores teores de flavonóides em todos os modos de preparo e a erva pata-de-vaca.

Paleontologia vai à escola - A dinamização das coleções paleontológicas armazenadas pelo Museu Goeldi em escolas públicas na cidade de Belém foi o tema da pesquisa desenvolvida pela estudante de museologia Bruna de Campos Antunes, orientada pela pesquisadora do MPEG Maria de Lourdes Pinheiro Ruivo.

Reconhecida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a paleontologia é um dos temas que deve ser abordado pela disciplina “Ciências” no ensino básico, contudo, por ser um assunto que, aparentemente, está distante da realidade do aluno encontra dificuldades para entrar em sala de aula. Pensando nessa dificuldade a bolsista desenvolveu o trabalho “Organização de Kits da coleção didática paleontológica do Museu Paraense Emílio Goeldi para professores do ensino fundamental e médio” que elaborou material didático de paleontologia da Amazônia para ser utilizado pelos professores do ensino fundamental.

O material produzido é composto de duas aulas expositivas (PowerPoint) e práticas, que são acompanhadas de textos elaborados com base nas respostas de pesquisadores. Para a bolsista o kit didático desenvolvido neste trabalho, “é um primeiro passo para suprir a necessidade dos professores com relação à paleontologia na região, assim como uma importante ferramenta de divulgação cientifica nas escolas”.

Serviço: Os trabalhos do XXI Seminário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Pibic/CNPq, que esse ano tem como tema “Desafios para o estudo, sustentabilidade e conservação da Amazônia”, serão apresentados até o dia 28/06. Veja a programação completa aqui.

Texto: Lucila Vilar