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Por dentro da Amazônia: Aromas, animais e memória
Agência Museu Goeldi – Outubro é o mês do aniversário da mais antiga Casa de Ciência da Amazônia Brasileira, o Museu Goeldi e as comemorações se estenderam com atividades especiais no Parque Zoobotânico, no Campus de Pesquisa e na Estação Científica Ferreira Penna.
Dentre as diversas atividades fizeram parte da programação um Workshop Internacional sobre Biodiversidade, a Olimpíada de Ciências na Floresta, a Gincana Minha Família no Museu, uma peça teatral, várias palestras e uma mostra apresentada na Feira Estadual de Ciência e Tecnologia.
Nesse 2013, nos 147 anos do Museu, a instituição mais uma vez abriu suas portas para visitantes interessados na Ciência dos animais, das plantas e das gentes da região.
De cara com os animais – Os técnicos José Antonio Pena e Luis Augusto Quaresma, da Coordenação de Zoologia, apresentaram aos visitantes do Museu Portas Abertas a Entomologia, ciência que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio ambiente. As armadilhas que são levadas pelos pesquisadores a campo para fazer captura e coleta de animais foram expostas e ficaram ao alcance de olhares curiosos, que também puderam observar animais da Coleção Entomológica do Museu.
Luis Augusto Quaresma conta que o trabalho dos pesquisadores da entomologia é também de ordem médica, a exemplo do estudo minucioso de besouros, como da espécie Trypanossoma cruzi, o causador da Doença de Chagas.
Também da coordenação de Zoologia, o biólogo Fabrício Sarmento acompanhou visitantes no setor da herpetologia. Os visitantes puderam conhecer laboratório, salas de triagem, como se faz a catalogação dos animais que chegam ao Museu Goeldi, e principalmente, puderam entrar na rica e importante Coleção Herpetológica Osvaldo Rodrigues da Cunha, e ficar frente a frente com as mais de 90 mil espécimes catalogadas de répteis e anfíbios. A Coleção Herpetológica do Museu Goeldi é referência para estudos de fauna da Amazônia.
Aromas na Botânica – A coordenação de Botânica participou do Museu de Portas Abertas 2013 com seus pesquisadores e bolsistas que expuseram, entre outros, sobre a Fitoquímica, ramo da botânica que estuda os compostos de natureza química que são produzidos pelos vegetais.
A bolsista Lidiane Nascimento foi responsável pelo estande que mostrou ao público plantas aromáticas e como elas são estudadas para que sejam aproveitados os seus aromas e propriedades na produção de perfumes, fungicidas, e até nos banhos de ervas do tradicional mercado do Ver-o-Peso.
Os graduandos em Agronomia Breno Serrão e Gleyce dos Santos, bolsistas de iniciação científica do Museu Goeldi, apresentaram ao público anatomia vegetal aplicada para conferir a qualidade de produtos medicinais e inclusive possibilitaram aos estudantes a visualização em microscópio de estruturas vasculares, conteúdos celulares de plantas, como a copaíba (Copaifera langsdorffii).
Etnobotânica e sustentabilidade – Foram apresentados trabalhos que são feitos em comunidades tradicionais com o intuito de contribuir para que elas adquiram a consciência da diversidade de flora existente no meio em que elas vivem e compartilhar conhecimento sobre os recursos naturais que essas comunidades têm disponíveis, enfatizando a importância cultural e biológica desses elementos naturais para um uso cada vez mais sustentável da floresta.
Por dentro da memória da Amazônia – A Coordenação de Informação e Documentação mostrou a todos a missão e os serviços que são ofertados tanto pela Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, quanto pelo arquivo Guilherme de La Penha. Os visitantes puderam visualizar o precioso acervo de um importante centro de documentação da Amazônia, um ambiente essencial de pesquisa sobre a vida amazônica de ontem e da atualidade.
O arquivo Guilherme de La Penha abriu suas portas para expor documentos históricos, documentos que ajudam a preservar a memória da Amazônia. Entre os documentos, alguns datam dos anos de 1800 a quando da chegada do naturalista alemão Emílio Goeldi à Belém. Os documentos, muito bem preservados, além de lidos, puderam ser tocados pelos estudantes com o devido cuidado do uso de luvas e máscaras descartáveis.
No arquivo também foram expostos negativos em vidro, forma como se registravam fotografias antigamente. Doralice Romeiro e Pablo Borges recepcionaram os estudantes em sua sala de trabalho.
Cultura indígena – Especialista em Antropologia, Graça Santana da Coordenação de Ciências Humanas, contou sobre a programação do setor que foi preparada para este Museu de Portas Abertas. Entre as palestras, Suzana Primo, servidora do Museu Goeldi e indígena da etnia Caripuna foi convidada para o evento e contribui apresentando objetos da cultura material indígena.
Dentro da temática indígena também aconteceram palestras sobre como se faz pesquisa de documentação de línguas indígenas, trabalho minucioso que garante a preservação do patrimônio linguístico de algumas etnias.
De portas abertas
A tradicional atividade Museu de Portas Abertas aconteceu este ano durante as comemorações de aniversário do Museu Goeldi. O evento reuniu mais uma vez todos os setores de pesquisa do Museu para dar acesso à sociedade a um contato mais próximo com o cotidiano da Ciência. A programação foi realizada em seis dias, três no Parque Zoobotânico e três no Campus de Pesquisa.
O Núcleo de Visitas Orientadas do Parque (Nuvop) do Museu Goeldi é o setor que realiza há quase 30 anos o Museu de Portas Abertas, iniciativa pioneira que permite o contato direto da sociedade com o cotidiano da Ciência e também com os profissionais que nela atuam. Os pesquisadores que trabalham no Campus de Pesquisa acompanharam de 29 a 31 de outubro estudantes de todos os níveis de ensino por um fascinante passeio pelas salas onde se faz Ciência. A cada “porta aberta”, saber e encantamento.
Abrir as portas do Campus de Pesquisa é mostrar para todos quem trabalha; com o que trabalha e o que se trabalha. Localizado na periferia da capital paraense, em um dos bairros mais populosos de Belém, muitos não tem noção da quantidade de atividades e pesquisas que acontecem dentro deste ambiente onde se respira Ciência. O Portas Abertas é uma oportunidade de mostrar para a própria comunidade do entorno da Avenida Perimetral, na Terra Firme, a importância da estrutura, a qualidade dos profissionais que ali atuam e o retorno que as pesquisas proporcionam para a sociedade, para a Amazônia, para a vida.
Helena Quadros, coordenadora do Nuvop e do Museu de Portas Abertas reitera a oportunidade única da sociedade, como um todo, sem distinção de idade e classe social, em conhecer a pesquisa realizada pelo Museu Goeldi.
Peça teatral encerra programação especial
Para encerrar a programação de aniversário do Museu Goeldi, aconteceu, no último dia 31, a apresentação da peça “Quem fica com a mamãe?”, no auditório Alexandre Rodrigues Ferreira.
A peça faz parte do Projeto “Potencialização e valorização do saber do idoso: uma proposta socioeducativa para a terceira idade” e retrata a situação de exclusão do idoso em ambiente familiar e reforça a importância da classe para o seio familiar bem como à sociedade.
O projeto é desenvolvido por Filomena Secco, da Coleção Didática do Serviço de Educação do Museu Goeldi em parceria com Izabel Cristina Videira, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e educadora física da Fundação Papa João XXIII, da Prefeitura de Belém.
Protagonista da peça Austregéssila Marques da Silva, 84 anos, diz se sentir acolhida e feliz por participar do projeto. Além da peça e conta radiante sobre os conhecimentos que são adquiridos nas oficinas que também são elaboradas e oferecidas pelo projeto, que conta com o apoio de pesquisadores e técnicos das áreas científicas da instituição.
Izabel Cristina Videira fala do ineditismo do projeto, a partir do momento em que uma instituição científica abre suas portas para receber idosos, que muitas vezes, quando chegam nesta fase da vida, acabam sem realizar qualquer tipo de atividade. O Projeto “Potencialização e valorização do saber do idoso: uma proposta socioeducativa para a terceira idade” é forma de também produzir Ciência e tornar seus participantes multiplicadores dela.
Serviço
Aos idosos que desejarem participar do Projeto “Potencialização e valorização do saber do idoso: uma proposta socioeducativa para a terceira idade” ou para aqueles que quiserem agendar apresentações da peça, basta entrar em contato com a Coleção Didática do Museu Goeldi, pelo telefone (91) 3182-3217.
Texto: Júlio Matos