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Agência de Notícias

Patenteada, armadilhas do Museu Goeldi modernizam a captura de mosquitos

A captura de insetos da família Culicidae, da qual fazem parte mosquitos, pernilongos ou carapanãs, são um desafio para a vigilância sanitária e a pesquisa científica. Uma criação do zoólogo Inocêncio Gorayeb, do Museu Goeldi, acaba de receber a Patente de Invenção do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, e promete ser de grande utilidade para a coleta, amostragem e estudo desses insetos vetores de doenças para as populações humanas
publicado: 17/11/2017 16h59, última modificação: 20/11/2017 14h19

Agência Museu Goeldi – Irritantes e transmissores de doenças, pequenos mosquitos como os carapanãs atormentam a paz doméstica e põem os organismos de saúde pública em polvorosa. No Museu Paraense Emílio Goeldi, o pesquisador Inocêncio Gorayeb, zoólogo, especialista em insetos neotropicais com ampla experiência na sistemática e ecologia da fauna amazônica, deu “o pulo do gato”: criou uma armadilha para a captura e armazenamento de insetos da família Culicidae. Seu invento acaba de receber a carta patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e será apresentado em primeira mão no I Congresso Internacional de Engenharia de Saúde Pública e de Saúde Ambiental da Funasa - CIESA, que ocorrerá de 26 de novembro a 1 de dezembro de 2017, em Belém (PA).

Segunda versão da armadilha dispensa o uso de isca humanaDentro da ordem Diptera, os insetos da família Culicidae são conhecidos como mosquitos, pernilongos ou carapanãs. A maioria das fêmeas suga o sangue de outros animais, o que faz delas um vetor de doenças. É o caso do popular e temido Aedes aegypti. Só em 2016, segundo dados do Ministério da Saúde, pelo menos 794 pessoas morreram no Brasil, em consequência das doenças transmitidas pelo mosquito como dengue, zika e chikungunya.

Unindo conhecimento entomológico e a preocupação com a saúde pública, e levando em conta que a captura é a melhor forma de estudar os insetos e de realizar amostras para a observação de seus hábitos, Gorayeb desenvolveu duas versões de armadilha de captura - uma com isca humana protegida e outra com atratores químicos. Os inventos tem mais praticidade, comodidade e segurança, se comparada com os métodos utilizados atualmente. Até agora a captura de insetos apresentam carências no que diz respeito ao formato, dimensão, segurança e o fracionamento das amostras coletadas.

Novidade – Projetado em duas versões, o modelo desenvolvido no Museu Emílio Goeldi resolve essas dificuldades, garantindo o armazenamento em bom estado dos insetos hematófagos (aqueles que se alimentam de sangue). As medidas e adaptações do equipamento garantiram maior eficácia na coleta dos insetos e, ao mesmo tempo, maior segurança à isca utilizada que, geralmente, são humanos.

Invento garante maior eficácia e segurança na captura dos mosquitosA primeira versão da armadilha inventada por Gorayeb garante a proteção da isca humana: uma pessoa fica no interior do equipamento, como atrativo, mas, pequenos ventiladores empurram os mosquitos para o coletor, onde ficam armazenados. Desse modo, não há exposição da pessoa envolvida no processo. Já a segunda versão dispensa totalmente o uso da isca humana: neste caso, os insetos são atraídos para o equipamento pelo odor resultado da mistura de um composto químico e por luzes fluorescentes.

Inventor – Inocêncio Gorayeb tem pós-doutorado em Sistemática Zoológica, Tabanidae (Diptera: Insecta) na Florida State Collections of Arthropods, Gainesville, Florida, USA. É pesquisador da Coordenação de Zoologia do Museu Goeldi e professor do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários (PPGBAIP) da Universidade Federal do Pará.

Patente – A Patente de Invenção foi concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. A Carta Patente expedida para este invento tem prazo de validade de 20 anos contados a partir de 30 de junho de 2010, data de depósito da solicitação da patente. A conquista dessa patente também é fruto do trabalho do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia - NIT Amazônia Oriental vinculado ao Museu Paraense Emílio Goeldi.

Para Nilson Gabas Jr, diretor do Museu Goeldi, "o invento do Dr. Inocêncio Gorayeb é mais uma contribuição importante que a pesquisa do Museu Goeldi oferece para a sociedade. Ela demonstra também o firme compromisso das instituições de pesquisa com a inovação de processos em diferentes campos de atuação e que podem resultar na melhoria da qualidade de vida das pessoas. O conhecimento científico, básico ou aplicado, e a tecnologia são cruciais para o desenvolvimento regional e nacional", ressalta Gabas Jr.

Texto: Phillippe Sendas.