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Agência de Notícias

Olimpíada ensina jovem a olhar o outro através das lentes

A oficina “Antropologia Audiovisual: Vozes e Ecos de Caxiuanã” apresentou novos conceitos aos participantes da VI Olimpíada de Ciências na Floresta Nacional
publicado: 21/10/2014 10h45, última modificação: 27/11/2017 15h25

Agência Museu Goeldi -Depois de quinze minutos subindo o Rio Curuá, duas “voadeiras” atracam no trapiche comprido de madeira na Vila Santa Cruz, em Caxiuanã. Nas embarcações, chegam 12 estudantes das regiões de Melgaço e Portel, munidos de celular, papel, caneta e a mente instigada por uma palavra recém-aprendida: Antropologia.

Os adolescentes passaram a manhã do dia 16 de outubro convivendo com a comunidade ribeirinha na oficina “Antropologia Audiovisual: Vozes e Ecos de Caxiuanã” da VI Olimpíada de Ciência na Floresta Nacional.Por meio do registro em vídeo de dois celulares, o grupo entrevistou moradores de Santa Cruz para descobrir os discursos e sentimentos sobre a vida cotidiana da comunidade. O que foi captado virou imagens e vozes daquele universo amazônico ribeirinho.

A proposta da oficina ministrada por Darcel Andrade, doutorando em Antropologia na Universidade Técnica de Lisboa, é apresentar temas antropológicos como a construção da identidade aos jovens participantes, usando como suporte o audiovisual. “A função da oficina é intermediar os discursos entre alunos e a comunidade e trazê-los à tona. Só podemos conhecer o outro se o ouvimos e o vídeo é um instrumento para isso”, explicou Darcel.

A experiência - Com os celulares (utilizados como câmeras) nas mãos, os estudantes conheceram a vila de oito casas habitada pela família Valente. Maria de Nazaré Valente, uma das moradoras de Santa Cruz, conduziu o grupo de estudantes pelo interior das residências e quintais e contou sobre os hábitos da comunidade, como o plantio da roça de mandioca e a crença na religião evangélica.

“É a primeira vez que nós recebemos uma visita desse tipo”, disse Maria. “Fico feliz em ajudar no aprendizado deles e falar da nossa vida e da floresta, que muitos deles não conheciam”, contou. Para a estudante Leila de Oliveira, 13 anos, a experiência também foi proveitosa do outro lado da tela. “Eu não imaginava que aprenderia tanto na visita à comunidade, sobre eles, além de entrevistar e filmar, uma coisa que nunca tinha feito”, declarou.

De volta à Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn), sede da VI Olimpíada de Ciência da Floresta Nacional de Caxiuanã, o grupo de jovens investigadores assistiu as gravações e fez uma discussão sobre a vivência que tiveram na vila e as semelhanças e distinções com o cotidiano em suas comunidades de origem. Essa foi a parte dos “ecos” do título da oficina, a de ouvir o outro e ressignificar o seu discurso, identificando nele emoções e expressões implícitas de sua cultura.

O material gravado foi transformado em um filme de curta-metragem produzido pelos iniciantes no universo antropológico, narrando o dia em que partilharam conhecimentos na Vila de Santa Cruz. O resultado dessa vivência foi exibido no último dia das oficinas da Olimpíada, 18 de outubro, no hall de entrada da estação científica.

Olimpíada de Caxiuanã - Vinculada à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a VI Olimpíada de Ciência da Floresta Nacional de Caxiuanã é organizada pelo Museu Paraense Emílio Goeldi na Estação Científica Ferreira Pena, que está sediada na Flona.Este ano foram recebidos 160 alunos do ensino fundamental das comunidades de Melgaço e Portel, que participaram de uma extensa programação, incluíndo oficinas; atividades físicas e esportivas como a corrida de peconha, a natação e casquinhageme momentos culturais como o “Cinema na Floresta” e a “Noite Cultural”.

Durante o período da Olimpíada, o alojamento e a alimentação de professores e alunos são garantidos pelo MPEG e pelas Prefeituras de Portel e Melgaço, com apoio de empresas como: Indústrias Micos, Flamboyant, Mariza Alimentos, Hiléia e C.A.M.T.A. Este ano, o evento também contou com o apoio da Fundação Roberto Marinho na oficina oferecida pelo Projeto Florestabilidade.

Acompanhe a VI Olimpíada de Caxiuanã no Portal do Museu Goeldi, onde é possível conferir os diários em vídeo. Cinco vídeos reportam as Olimpíadas de 2013.

Texto: João Cunha