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Agência de Notícias

Na Floresta Nacional de Caxiuanã, uma Olimpíada da Educação

Foram sete dias de interação entre o conhecimento das comunidades locais, o científico, o cultural e a educação no período de 19 a 26 de outubro
publicado: 13/11/2015 14h45, última modificação: 08/03/2018 11h32

Agência Museu Goeldi - Uma semana de vivências e experimentações na Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn) do Museu Goeldi proporcionou a mais de 150 crianças e adolescentes ribeirinhos da Floresta Nacional de Caxiuanã o primeiro contato e a aproximação com o mundo da ciência durante a VII Olimpíada de Ciências de Caxiuanã.

Foram sete dias de interação entre o conhecimento das comunidades locais, o científico, o cultural e a educação no período de 19 a 26 de outubro. Uma temporada diferenciada que mobilizou as populações escolares das áreas rurais dos municípios de Portel e Melgaço, no arquipélago do Marajó (PA).

A programação educativa, que faz parte da Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI, teve onze oficinas que instigaram o interesse dos jovens pela observação da natureza, a pesquisa científica e a comunicação de suas ideias. Nas oficinas, eles puderam aprender sobre vários temas, desde o conhecimento da vida de insetos até processos de polinização, passando pelos cuidados com o meio ambiente e o fascínio da comunicação, através da fotografia, do audiovisual e do jornalismo comunitário.

Nas Olimpíadas, os dias são reservados para a realização das oficinas, mas as noites na ECFPn são de cultura, com apresentações teatrais, musicais e programação educativa, como o Programa Natureza, onde o macaco Ximbica e sua turma interagem com o público e fazem um trabalho de conscientização ambiental.

Foi durante a participação nas olimpíadas que a estudante Ananda Braga, 16 anos, traçou o seu futuro. Nascida na comunidade Nossa Senhora da Conceição, que fica à beira do rio Pracupijó, no interior de Melgaço, ela afirmou que deseja ser bióloga!.

“As Olimpíadas de Caxiuanã é um projeto muito belo, que desperta no aluno uma nova visão não só em relação à natureza, mas sobre a vida de modo geral. Quando minha escola Nossa Senhora da Conceição Rio Pracupijó foi inclusa nas Olimpíadas, despertei o meu interesse pela área da biologia, pois os ‘oficineiros’ são excelentes profissionais”, completou.

Além do encanto pela profissão, a estudante busca nas olimpíadas algo muito maior: partilhar saberes. “As Olimpíadas de Caxiuanã é um sonho pra qualquer pessoa, ali eles te fazem viver o teu sonho, colocando responsabilidade em nossas mãos, e nossos conhecimentos ficam mais ricos, bem como nosso aprendizado. O que desperta cada vez mais em mim não é só a vontade de ser bióloga, mas a vontade de compartilhar esse rico conhecimento que eu trago de Caxiuanã”.

Enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes - A sétima edição da Olimpíada de Ciências de Caxiuanã trouxe para a discussão uma triste realidade da região do Marajó: a exploração sexual de crianças e adolescentes nos rios. A miséria da cidade com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo do país, Melgaço, fazem com que algumas famílias exponham suas crianças à exploração sexual por parte dos “balseiros”, as tripulações de balsas que atravessam a região carregando mercadorias.

A oficina “Diálogos ao enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes no Marajó”, ministrada por Maria Eugênia de Melo, da ONG Rádio Margarida, a professores das comunidades rurais de Portel e Melgaço, esclareceu a problemática e buscou conscientizar os docentes à prática da denúncia em casos de abusos contra  crianças, jovens e mesmo contra adultos.

Esportes regionais – Nas Olimpíadas, as atividades mais esperadas por todos são as competições esportivas, que acontecem no último dia do evento para encerrar a programação. Os estudantes disputam em categorias desportivas bem peculiares e bem conhecidas por quem vive às margens dos rios: natação; casquinhagem, uma corrida de canoas; e corrida de peconha (escalada de árvores utilizando uma espécie de cinto feito de fibra, que é amarrado aos pés para auxiliar na subida).

Os alunos preparam-se durante meses para não fazer feio, e quem fica na torcida vibra bastante a cada vitória de seus colegas. A competição fica mesmo no título, pois até na letra de um dos “hinos de paz” das escolas, os estudantes deixam bem claro: “não viemos competir, viemos nos unir!”.

Após as atividades esportivas, é hora da despedida. As crianças e professores voltam às pequenas embarcações que os trouxeram, levando consigo novas amizades, novas ideias, conhecimentos e a esperança renovada em seus futuros.

Histórico – As Olimpíadas de Caxiuanã iniciaram como ação educativa promovida pelo Museu Goeldi em 2001, no formato de gincana de ciências. Em 2008, a ação ganhou a configuração atual de Olimpíada na floresta, e passou a ter vínculo com a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Você pode conferir o material multimídia das Olimpiádas de 2015. Acesse à galera de imagens clicando aqui.

 

Texto: Mayara Maciel