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Agência de Notícias

Museu Goeldi preserva obras raras de Eládio Lima

Setenta anos após a morte do artista, filho e neta se emocionam ao ver aquarelas que retratam a natureza da Amazônia
publicado: 07/08/2014 16h15, última modificação: 25/09/2017 13h13

Agência Museu Goeldi – Eládio Lima foi um desenhista nato. Mesmo sem possuir formação técnica em arte, zoologia ou botânica, suas obras impressionam pelo traço preciso. A riqueza de detalhes das pinturas que retratam a fauna amazônica chama atenção e se compara às impressões 3D da atualidade. Atualmente, 42 pranchas pintadas por Eládio fazem parte do acervo de Obras Raras da Biblioteca Domingo Soares Ferreira Penna do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).

A coordenadora de Informação e Documentação do MPEG, Astrogilda Ribeiro, relata que as pinturas retratam cerca de 50 espécies de mamíferos da Amazônia. Há também obras que nunca foram publicadas com desenhos de mamíferos que não são primatas. Nas obras é possível observar o cuidado do artista ao pintar detalhes, como espinhos do porco-espinho e pelagens de onças, cutias e macacos.

Além das pranchas, há na Coleção de Obras Raras a publicação que apresenta o trabalho de Eládio Lima, “Primatas da Amazônia”, em versão em português e inglês. Segundo a bibliotecária Olímpia Resque (MPEG), “os livros publicados, com o trabalho de Eládio, são base de pesquisas para especialistas em mamíferos. As obras contribuem para entender sobre a evolução dos animais e da Ciência”.

Obras raras - O naturalista alemão Emílio Goeldi e outros pesquisadores que aportaram em terras amazônicas no século XX doaram muitos de seus livros à Biblioteca Ferreira Penna para compor o acervo da instituição. Hoje, estas publicações fazem parte da Coleção de Obras Raras, junto aos trabalhos de Eládio Lima. Para conhecer as características das Obras Raras e os cuidados com o acervo do MPEG, assista ao vídeo aqui.

Visita da família – A família de Eládio Lima entrou em contato com a Coordenação de Informação e Documentação (CID/MPEG), que possibilitou a visita de seu filho e neta. Eládio Lima Junior veio com a filha, Ângela Pinheiro, de Natal, no Rio Grande do Norte, até a capital paraense para o reencontro com as obras do pai.

Aos 83 anos, Eládio Lima Junior disse, saudosista, que estava junto ao pai durante a criação de algumas pinturas e lembrou, emocionado, da paixão do artista pelo trabalho que o Museu Goeldi guarda a sete chaves.

 “Minha emoção foi de ver o papai revendo estas obras, lembrando do trabalho do meu avô. Um trabalho realmente fantástico, impressionante”, disse a dentista Ângela Pinheiro.

Um gênio pouco conhecido - O único arquivo que o Museu Goeldi guarda e que conta a história pouco conhecida de Eládio Lima, diz que ele viveu pouco, entre 1900 e 1943. Desde criança, interessava-se por animais, plantas e também pelas artes. Apesar do seu talento, viajou para o Rio de Janeiro para formar-se em Direito a mando do pai, o advogado e professor pernambucano Eládio Amorim Lima.

Em 1925, de volta ao Pará, Eládio Lima trabalhou no escritório do pai como advogado, mas sem esconder sua predileção por zoologia, arqueologia e arte. Foi membro da Academia Paraense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e, ao contrário do que muitos pensam, nunca foi funcionário do Museu Goeldi. Ele atendeu o convite de assumir a direção da instituição por um curto período, substituindo Carlos Estevão de Oliveira.

Eládio Lima faleceu em 12 de outubro de 1943 em sua casa, onde hoje funciona o Conservatório Carlos Gomes, à Avenida Gentil Bittencourt, em Belém. O Conservatório homenageia os sentimentos artísticos do falecido, sepultado no Cemitério Santa Isabel, também na capital.

Texto: Júlio Matos