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Agência de Notícias

Museu Goeldi inaugura sala-cofre para Obras Raras

A coleção formada por tres mil obras dos séculos XVI a XX sobre história natural, viagens e explorações, de expressivo valor para o estudo da Região Amazônica e das Américas, hoje está protegida por ferramentas tecnológicas e procedimentos mais rigorosos. A obra foi identificada como prioritária pela equipe do ministro Gilberto Kassab.
publicado: 21/05/2018 16h20, última modificação: 22/05/2018 17h03

Agência Museu Goeldi – O Museu Paraense Emílio Goeldi comemorou o Dia Internacional dos Museus entregando para a comunidade científica um antigo anseio: multiplicando a segurança do espaço que abriga a Coleção de Obras Raras da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna. A entrega oficial aconteceu na manhã do dia 18 de maio no Campus de Pesquisa com a presença da direção, pesquisadores, bibliotecários, engenheiros, arquitetos e outros técnicos da instituição sesquicentenária.

Nilson Gabas Júnior inaugura sala junto à comunidade técnica e científica (Foto: Ádria Reis)A sala, que estava fechada para reforma desde julho de 2017, agora conta com reforço de segurança e equipamentos de identificação digital. Os recursos foram garantidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), após a visita ao Museu Goeldi, em outubro de 2016, do dr. Luiz Henrique da Silva Borda, na ocasião Coordenador Geral das Unidades de Pesquisa.

Dr. Nilson Gabas Júnior, pesquisador e diretor do Museu Goeldi, demonstrou contentamento ao ter conseguido cumprir mais um item importante de sua agenda de trabalho antes de encerrar sua gestão na condução da instituição, que capitaneia por dois mandatos seguidos.

“Estou feliz. É importante participar do início, meio e fim de uma obra tão importante para a instituição em um momento de escassez de recursos. Isso mostra a importância e o reconhecimento do Museu Goeldi. O Ministério demonstrou sensibilidade, repassando os recursos em ordem de prioridade. Você imagina uma instituição com tantas obras raras sem possibilidades de acesso e precisando ser preservada? É clara a confiança que o Ministério tem nesse instituto de pesquisa que consegue realizar as coisas. Meus sinceros agradecimentos ao Ministério, à empresa contratada, aos servidores que participaram diretamente dessa ação”, disse o diretor Nilson Gabas Júnior.

Obras raras – São classificadas assim aquelas que se tornam singulares por diversos fatores, como o tempo em que foram produzidas, as características tipográficas, o autor, o tipo de papel, o número de edições, ou se grande parte das cópias tiver sido destruída. Esta classificação é feita a partir de critérios pré-estabelecidos pela Fundação Biblioteca Nacional, mas varia de acordo com as peculiaridades e as necessidades locais.

No Museu Goeldi, a Coleção de Obras Raras antigas e valiosas da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna tem origem nas aquisições feitas pelo zoólogo Emílio Goeldi, além das doações de pessoas ilustres e da permuta do Boletim do Museu com publicações científicas nacionais e internacionais.

São encontradas no acervo obras dos séculos XVI ao XX, totalizando para mais de 3.000 exemplares. Entre estes estão livros, in-fólios e aquarelas sobre história natural, viagens e explorações, formando um núcleo significativo e de grande relevância para o estudo clássico sobre a região amazônica. As obras são compostas por materiais como papel de trapo, seda e linho. Algumas têm capas de couro ou de madeira, enquanto outras possuem douração.

A coordenadora de Comunicação e Extensão do Museu Goeldi, Maria Emília Sales, conta que as obras são referência nos estudos de diversas áreas do conhecimento e importantes para a nossa história e para a história da ciência. “Por mais que a ciência evolua, algumas obras são um marco. Nelas têm desenhos de espécies que foram descritas há muito tempo e esses desenhos ainda servem para se basear como esta espécie evoluiu. Também, são testemunhos de locais onde hoje já não há mais acesso. Por isso é importante você preservar as memórias”, explica.

A obra mais antiga do acervo é a coletânea de viagens e crônicas “Delle Navigationi et Viaggi”, organizada por Giovanni Battiste Ramusio e impressa em Veneza na tipografia dos Giunti, entre os anos de 1554 a 1574. Para a consulta dos exemplares é preciso levar em consideração alguns cuidados e procedimentos. Por exemplo, eles não podem ser fotografados ou filmados e, para manuseá-los, é preciso utilizar luvas, máscara e jaleco.

Nilson Gabas Júnior avalia que as novas medidas de engenharia e ferramentas tecnológicas da nova sala garantem a segurança da coleção do Museu Goeldi. “Existe a possibilidade de salvaguardar essas obras e evitar acontecer o que já aconteceu há cerca de dez anos. Agora vamos poder preservar e fazer o melhor uso deste espaço”, revelou o diretor.

Sala-cofre conta com segurança e equipamento de identificação digital (Foto: Ádria Reis)Em 2008, cerca de 60 obras foram roubadas paulatinamente. Foi recuperado apenas olivro "Rerum Medicarum Novae Hispaniae", de 1628, de autoria do médico e botânico espanhol Francisco Hernandez, um pioneiro no estudo da saúde. O livro, escrito em latim, retrata a flora mexicana e é resultado da Expedição Espanhola de História Natural do Novo Mundo, realizada de 1570-1577, no México.

Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna – Localizada no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, a Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna é referência nas áreas de Antropologia, Arqueologia, Botânica, Ciências da Terra, Ecologia, Linguística e Zoologia, a Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna e atende público especializado e de caráter acadêmico e científico. O acervo é composto por livros, periódicos, folhetos, separatas, mapas, CDs, fotografias, filmes, fitas e microfilmes. Aos interessados no acesso da Coleção, Andrea Abraham de Assis, chefe da Biblioteca Ferreira Penna, ressalta que a Coleção de Obras Raras possui uma versão digitalizada e disponível na rede BHL (Biodiversity Heritage Library) e no portal do Museu Goeldi.

Texto: Hojo Rodrigues