Jardins Botânicos reunidos no Museu Goeldi

Agência Museu Goeldi – Aumentar o número de jardins botânicos e fortalecer os existentes na Região Norte. Esse é o foco do 2ºEncontro Regional Norte de Jardins Botânicosque teve início nesta terça-feira, 18 de junho, no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA). O evento é destinado à dirigentes e corpo funcional de Jardins Botânicos, áreas de conservação, estudantes universitários e representantes das secretarias de meio ambiente.

O evento segue até o dia 21 com visitas técnicas ao Horto Botânico da Álbras, maior empresa de alumínio da Amazônia, localizada no município de Barcarena (PA), ao Jardim Pomar de Abaeté, no município de Abaetetuba (PA). A programação também conta com palestras e grupos de trabalho para discutir o planejamento estratégico de um trabalho em rede nos jardins botânicos do norte e sugestões e propostas para a XXII Reunião da Rede Brasileira de Jardins Botânicos, que acontece em novembro de 2013, em Minas Gerais.

Para Helena Quadros, do Museu Goeldi e secretária Geral da Rede Brasileira de Jardins Botânicos, esse encontro foi um compromisso da Rede Brasileira para fortalecer os jardins botânicos da região norte. “A idéia é criar a rede de Jardins Botânicos do Norte, fortalecendo os laços com jardins de outros estados do Brasil, como Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia. É importante ressaltar que esse encontro é preparatório para a  Reunião Geral Brasileira de Jardins Botânicos, em novembro, em Belo Horizonte”.

II Encontro da Região Norte – Esse evento foi organizado por Vera Bastos e Helena Quadros, do Museu Paraense Emílio Goeldi, junto com Igor Seligmann, do Parque Mangal das Garças. Esteve presente também na cerimônia de abertura Márcia Sueli Bastos, Coordenadora do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo – Prodetur Pará; Pamela Freitas, Diretora do Museu Parque Serigal de Ananindeua; Raimunda Nazaré da Silva Benjamin, representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ananindeua; Monica Rangel, professora e técnica da coordenadoria da Secretaria do Estado de Educação (Seduc/PA); Maria de Nazaré do Carmo, pesquisadora de Botânica em áreas Costeiras do Museu Goeldi; Flamínio Luiz Santana, representando o Jardim Botânico de Salvador, da Bahia; Dr. Claudio Nicolleti Fraga, Pesquisador do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RJ); Antonia Barroso, do Jardim Botânico de Manaus e a Coordenadora de Comunicação e Extensão, Wanda Okada, representando o diretor do Museu Goeldi, Dr. Nilson Gabas Jr.

Na cerimônia de abertura, o Presidente da Rede Brasileira de Jardins Botânicos João Toledo agradeceu o convite para sua participação no evento e espera que essa reunião consiga discutir os pontos fracos dos jardins botânicos do norte. “E, em um trabalho de cooperação mútua, buscar soluções para os problemas que ocorrem de maneira quase que crônica nos jardins botânicos do Norte”, declarou João Toledo.

Para João Toledo é muito mais fácil começar da maneira correta do que consertar ações de jardins botânicos históricos. “Esses ambientes tem um desvio na sua maneira de gerir as questões de conservação, pesquisa e educação ambiental difícil de consertar”. Para Renato Veiga, vice presidente da Rede e participante do encontro, o evento deverá ser  um mecanismo para que se possa consolidar a rede norte. Flamínio Santana, do Jardim Botânico de Salvador, “os encontros regionais são a base de fortalecimento dos jardins botânicos”.

Colecionando Plantas - Dr. Cláudio Nicolleti Fraga, Pesquisador do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RJ) fez a palestra de abertura do evento e trouxe para o debate métodos e estratégias de conservação de diversas espécies de plantas. “Devemos continuar coletando espécies. Como os antigos naturalistas, sair com a mochila nas costas, uma garrafa de água e protetor solar. Como se fazia há 200 anos, sair catando planta por ai. Continuamos fazendo da mesma maneira”.

Claudio Nicoletti é doutor em Biologia Vegetal. É pesquisador do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro na área de Botânica, com ênfase em taxonomia e florística, além de desenvolver pesquisa para conservação de espécies ameaçadas de extinção. Durante a palestra explicou a importância do trabalho realizado no Jardim Botãnico do Rio de Janeiro de recuperar as exsicatas feitas por pesquisadores que trabalharam na instituição há mais de 100 anos. O pesquisador também  explicou como é feita a evolução dessa documentação das plantas, no Rio de Janeiro e no Brasil, além de fazer uma avaliação da importância deste trabalho no país que tem a maior biodiversidade de flora no mundo, mas que não tem ainda esse material catalogado. 

O pesquisador fez uma pequena comparação entre estados do Brasil e entre o Brasil e a Europa e garantiu, “ainda temos muito a caminhar para que nosso ecossistema seja descoberto e catalogado. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro tem o maior herbário do Brasil com 500 mil exsicatas. Aqui no Goeldi são 200 mil. No Museu de Paris são 10 milhões de exsicatas. É vinte vezes maior que o herbário do Rio de Janeiro, então vamos continuar coletando”, destaca Cláudio.

Serviço: O II Encontro da Região Norte é uma realização do Museu Paraense Emílio Goeldi em parceria com o Mangal das Garças - Organização Social Pará 2000. Apóia o evento também o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil. O evento segue até o dia 21 de junho, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. Avenida Magalhães Barata, 376, Belém.

Texto: Silvia de Souza Leão