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Informatização e reconhecimento

Coleção de grãos de pólen do Museu Goeldi contribui para melhor compreensão sobre espécies da botânica
publicado: 13/01/2014 12h15, última modificação: 22/08/2017 15h28

Agência Museu Goeldi - Uma coleção científica de grãos de pólen, os quais são catalogados, identificados e preservados em acervo depositado em herbários, denomina-se palinoteca.

O Museu Paraense Emílio Goeldi, por meio de sua coordenação de Botânica, mantém uma palinoteca, cuja recente informatização foi tema do trabalho de pesquisa do Estudante de Engenharia Ambiental da Universidade do Estado do Pará e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Braz José de Castro Filho.

As coleções científicas são fontes potenciais de informações que permitem melhor compreensão acerca da evolução e dos padrões de distribuição geográfica das espécies. A palinoteca do Museu Goeldi tem importante valor histórico para a instituição e representa além da informatização dos dados palinológicos, a conservação do patrimônio genético vegetal.

O projeto de pesquisa de Braz José Filho, apresentado no XX Seminário de Iniciação Científica do Museu Goeldi, recebeu o nome de “Informatização da Palinoteca do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém-PA: Contribuição ao Reconhecimento da Flora e dos Ecossistemas Amazônicos e Extra-Amazônicos”.

O trabalho foi orientado pela professora Flávia Cristina Araújo Lucas, do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da Universidade do Estado do Pará, e pela pesquisadora do Ministério da Ciência e Tecnologia e coordenadora de Botânica do MPEG, Dra. Léa Maria Medeiros Carreira. O trabalho do estudante recebeu ainda Menção Honrosa no XX Seminário do PIBIC do Museu Goeldi, como reconhecimento a um dos melhores projetos apresentados.

O estudo de grãos de pólen, ou palinologia, tem contribuído com diversas áreas de conhecimento, como: a caracterização da origem botânica e geográfica de produtos das abelhas – mel, pólen etc. – melitopalinologia; as polinoses, alergias causadas por concentração de pólen na atmosfera, e a reconstituição de floras pretéritas, ou paleoecologia. Pesquisas sobre pólen na Amazônia datam da década de 1960 e se concentram em instituições como o Museu Goeldi, graças ao empenho da pesquisadora Dra. Léa Carreira e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA, de Manaus.

A palinoteca do Goeldi apresenta espécies frequentes principalmente da Amazônia Legal, mas podem ser encontradas também espécies de outras áreas do Brasil e da América Latina.

A primeira etapa da pesquisa de Braz José Filho se iniciou com o conhecimento dos dados catalogados, desde 1981, no livro de registros. As informações obtidas foram então atualizadas de acordo com as bases de dados da Flora do Brasil de 2012 e do MOBOT, Missouri Botanical Garden, referência em assuntos relacionados à botânica.

O jovem pesquisador, em seu trabalho, mostrou que as lâminas de pólen recente que já foram incorporadas ao acervo estão sendo submetidas à renovação de etiquetas padronizadas, as quais apresentam o nome científico, a família, o número do herbário, o número da palinoteca e a data de preparação.

Para facilitar ainda mais a consulta, a disposição das lâminas no laminário obedece a ordem alfabética de famílias, gênero e espécies. Até então foram geradas novas etiquetas para 3200 lâminas. Tal padronização já alcança em média de 40% da palinoteca. Conforme o trabalho salientou, a Família Fabaceae, uma das maiores famílias da botânica, da qual fazem parte as leguminosas, é a família mais representativa da coleção, com cerca de 700 espécies, referentes a 140 gêneros.

Flávia Lucas elenca duas categorias de status de conservação das espécies que integram a palinoteca: as “Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção” e a “Lista de Espécies da Flora Brasileira com Deficiência de Dados.

Do primeiro status enquadra-se a espécie Convolvulaceae/ Ipomoea cavalcantei D. Austin - Convolvulaceae / Ipomoea carajasensis D.F. Austin; já a espécie Fabaceae/ Bowdichia nitida Spruce ex Benth. - Fabaceae/ Centrosema carajasense Cavalcante aparece na lista daquelas com deficiência de dados.

De acordo com a professora Flávia Lucas o nome popular de tais espécies varia de acordo com as regiões onde são coletadas, sendo, portanto, melhor tratá-las por meio do nome científico.

Segundo a professora Flávia, na palinoteca do Goeldi estão preservadas em lâminas permanentes uma amostra da planta que além do seu valor científico, por serem disponibilizados dados morfológicos e geográficos, apresenta valor histórico por representar um registro da biodiversidade ao logo dos anos. “Muitas espécies nela contidas foram coletadas por grandes botânicos da Amazônia”, revela.

O acervo da Palinoteca do Museu Goeldi - O programa Excel do software Office foi utilizado para a digitação das informações, cujos resultados foram em seguida transferidos para o software BRAHMS. A sigla, do inglês Botanical Research and Herbarium Management Systems, dá nome ao software de banco de dados para pesquisa em botânica e gerenciamento de herbários criado pela Universidade de Oxford, Inglaterra. O BRAHMS é o sistema adotado pela maioria dos herbários brasileiros, incluindo os amazônicos.

Atualmente a palinoteca em questão consta de aproximadamente 8700 lâminas de pólen, das quais são contabilizadas mais de 1700 espécies, distribuídas em 114 famílias e 530 gêneros. De acordo com a professora e orientadora do trabalho, Flávia Lucas, foram inseridos no BRAHMS 1740 amostras dos itens total da coleção, porém o banco de dados ainda não foi gerado pois ainda se está a trabalhar na inserção de novos materiais.

Ainda segundo informações da professora, o acervo não está disponível on line até o momento em respeito à política de coleção da instituição que não autoriza a socialização em rede de qualquer das suas coleções. “O Museu Goeldi ainda não está inscrito no CRIA, Centro de Referência da Informação Ambiental, que divulga coleções científicas de diversas instituições no país”.

Júlio Matos, Agência Museu Goeldi

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