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Homem, floresta e bem-estar social

Na V Olimpíada de Ciências na Floresta Nacional de Caxiuanã, educação, saúde, esporte e lazer
publicado: 10/10/2013 09h45, última modificação: 18/08/2017 11h03

Agência Museu Goeldi, da Floresta Nacional de Caxiuanã – Engana-se quem pensa que a Olimpíada de Ciências na Floresta Nacional de Caxiuanã trata-se apenas de um evento esportivo, principalmente se levarmos em conta o tema da quinta edição - “Ciência, saúde e esporte”, que acontece este ano durante as comemorações aos 20 anos da Estação Científica Ferreira Penna, base de pesquisas do Museu Paraense Emílio Goeldi localizada no meio da floresta, distante da cidade grande, mas que traz ciência, educação e compromisso com as populações humanas e o ambiente onde elas têm sua morada.

Desde o último dia 4 pesquisadores e técnicos do Museu Goeldi e voluntários de outras instituições do ensino, como a Universidade do Estado do Pará (UEPA) e Universidade Federal do Pará (UFPA), ministra oficinas, levando para estudantes, principalmente dos municípios de Melgaço e Portel, conteúdos de educação em ciências. São aproximadamente 130 estudantes, em sua maioria do Marajó, mas há também representantes de municípios como Castanhal e Aurora do Pará, selecionados pela boa atuação escolar identificada em Mostras de Ciências acontecidas como parte do Projeto Expansão do Programa Floresta Modelo de Caxiuanã, coordenado pela também Coordenadora da Estação Científica Ferreira Penna, Graça Ferraz.

No total foram 15 oficinas realizadas durante três dias e ao final os participantes de cada uma, apresentaram os resultados para os demais colegas. De encenação teatral e roda de capoeira à exposição de sementes coletadas na mata; de minidocumentário a lançamento de foguete feito com garrafa pet, aplicando conceitos da física: verdadeiras aulas ministradas por meninos e meninas acostumados a transformar pouco em muito.

Criatividade e esporte - Com o término das oficinas, faltavam só as competições esportivas, componente essencial da Olimpíada. E foi exatamente o que aconteceu na tarde da terça-feira, 8, quando todos desceram ao trapiche da Estação Ferreira Penna para acompanhar as provas de casquinhagem (competição de velocidade em canoas movidas a remo) e natação. Mais do que nunca os participantes estavam em casa, ou melhor, estavam no rio deles de cada dia. Um show à parte.

Divididos em equipes de três e de acordo com idade e município de origem, os muitos meninos e meninas foram à água mostrar seus dotes com remo e braçadas. Com supervisão integral dos voluntários do Corpo de Bombeiros do Pará, Portel saiu vitorioso na casquinhagem realizada em percurso de 200 metros na baía de Caxiuanã.

Dedicada e preocupada a coordenadora da Olimpíada de Ciências, Socorro Andrade destaca a dedicação dos estudantes, tanto de Portel quanto de Melgaço: “eles esperam o ano todo e preparam-se diariamente para participar do evento que integra as comunidades do entorno da Floresta Nacional”.

O sucesso da Olimpíada de Ciências muito se deve a Socorro Andrade e equipe. À reportagem Socorro Andrade contou que as provas realizadas na água, em anos anteriores, eram feitas com roupas de banho dos próprios participantes, 

porém, muitos ficavam constrangidos em exibir-se em trajes humildes e desgastados. Foi então que a Olimpíada passou a oferecer sungas e maiô, o que auxilia no bom desempenho dos atletas. Os trajes são confeccionados em Belém e quando chegam à Caxiuanã são entregues a cada um dos participantes.

Depois da velocidade dos remos da casquinhagem, foi hora de cair de verdade na água. A natação, realizada em percurso de 50 metros, destacou os representantes de Melgaço.

“Nosso dever aqui é se divertir: seja ganhando ou perdendo se tem uma lição para aprender”, disse Elielma Gonçalves, 17 anos, de Portel. Para a garota, o mais importante que se aprende durante a Olimpíada é o valor da preservação da natureza, que muito contribui contra a fome do ribeirinho.

Voluntários especializados - Sargento do Corpo de Bombeiros do Pará, Waltenir Araújo confirma o serviço do profissional à disposição da sociedade seja no fogo, na terra e na água. O sargento comanda uma equipe de seis voluntários, que está na Estação Ferreira Penna, em Caxiuanã, desde a abertura das Olimpíadas. Técnico de enfermagem, Waltenir também ministrou oficina sobre primeiros socorros para os professores que tiveram espaço na grande troca de conhecimentos que é a Olimpíada de Ciências. Para o sargento, a palestra sobre primeiros socorros é de muita utilidade para a população da Floresta de Caxiuanã, principalmente para que saibam como agir em acidentes como fraturas e picadas de cobras, muito comuns na região.

Texto: Júlio Matos