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Agência de Notícias

Exposição: cientistas, gestores e moradores contam a história de Gurupá

O Forte Santo Antônio de Gurupá abre suas portas nesta sexta-feira (20/04) para exibir uma narrativa plural. A exibição faz parte de conjunto de ações do Museu Goeldi, IPHAN, Prefeitura e população de Gurupá. A diversidade é a marca deste município, onde já foram identificados mais de 50 sítios arqueológicos.
publicado: 20/04/2018 10h15, última modificação: 02/05/2018 10h22

Agência Museu Goeldi – Assentado na confluência do rio Xingu com o delta do rio Amazonas, o território de Santo Antônio de Gurupá é muito rico em história (indígena e milenar, colonial, comercial e atual). Neste conjunto de grande diversidade cultural, um patrimônio desponta como ícone fundamental – a fortaleza. Em torno, dentro e abaixo do prédio de alvenaria de pedra, a história se desdobra envolvendo índios, europeus, soldados, missionários, escravos, comerciantes de drogas do sertão e borracha. A exposição “Gurupá na encruzilhada da história” vai contar detalhes dessa história no Forte Santo Antônio de Gurupá.

A mostra expositiva, inaugurada nesta sexta-feira (20), às 10h, resulta da parceria entre o Museu Paraense Emílio Goeldi, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, a Prefeitura e a comunidade de Santo Antônio de Gurupá.  Após a exposição, o Forte se transformará na sede da Secretaria de Cultura do município e ainda abrigará um Museu Arqueológico. Representando o Museu Goeldi na solenidade de abertura estarão o diretor do MPEG, Nilson Gabas Jr, e a pesquisadora Helena Lima, coordenadora de Ciências Humanas e também curadora científica da exposição em parceria com Cristiana Barreto.

A exibição contará com dois espaços. O primeiro abordará a diversidade cultural da região. O segundo contará com uma exposição fotográfica feita pelo antropólogo americano e estudioso da Amazônia Charles Wagley, nos anos 40, e por imagens atuais de Nigel Smith, da University of Florida. No segundo espaço também haverá a projeção de um documentário, produzido especialmente para o evento pelo professor Richard Pace, do departamento de antropologia e arqueologia da Middle Tennessee State University (USA), sobre Gurupá nos tempos de Wagley.

A exposição faz parte de um conjunto de ações vinculadas à proposta do IPHAN para restaurar, reformar e adequar o Forte Santo Antônio de Gurupá". Desde 2014 conta com a participação do Museu Goeldi, por meio do projeto "OCA - Origens, Cultura e Ambiente", liderado pela arqueóloga do MPEG Helena Lima.

Contudo, as ações de preservação do patrimônio cultural ultrapassaram os limites do edifício: por estar assentada sobre um grande sítio arqueológico, gerou-se um notável trabalho de pesquisa na cidade, conseguindo sensibilizar a população de Gurupá quanto à história e importância do local, como forma de garantir o uso sustentável da edificação tombada como patrimônio histórico, ícone principal da identidade dos residentes.

Forte – A história do Forte Santo Antônio de Gurupá remete às primeiras décadas do século XVII, após a fundação de Belém, e é tombado pelo IPHAN desde 1963. Construída em meados do século XVII, a fortificação remonta ao momento em que as forças lusitanas direcionaram-se a Corupá, na boca do rio Amazonas, para expulsar os holandeses. Ao longo dos séculos, o local passou por diversas modificações, abandono e propostas de restauração e uso para proteção da região de invasores. 

Em 2012, pesquisadores do Museu Emílio Goeldi constataram a situação alarmante do forte, que corria risco de desabar por causa da erosão originada pelo rio na rocha base do edifício. Com isso, e após a notificação ao IPHAN, foi iniciada a construção de um muro de contenção junto com a intervenção de monitoramento arqueológico. Foram também removidas a vegetação enraizada e feita a recuperação dos trechos desmoronados.

Foram investidos cerca de R$ 2,7 milhões na recuperação, sendo aproximadamente R$ 1,27 milhão provenientes de recursos do IPHAN e R$ 1,5 milhão do Fundo Nacional de Cultura.

Com a finalização da exposição, o local se transformará na sede da Secretaria de Cultura e em um Museu Arqueológico. A intenção é aproveitar a edificação de forma sustentável e evitar outra possível degradação.

OCA – O projeto Origens, Cultura e Ambiente (OCA) vem contribuindo para a pesquisa arqueológica em Gurupá desde 2014. Coordenado pela pesquisadora Helena Lima, durante esse período, o OCA tem atuado não apenas na recuperação dos vestígios arqueológicos como também para a educação patrimonial dos moradores da região, no intuito de construir conhecimentos sobre o local em suas diferentes temporalidades.

Até agora o projeto identificou cerca de 50 sítios arqueológicos, incluindo o Forte de Gurupá. No caso do forte, a intenção foi ampliar o conhecimento para além dos muros, impactando os moradores da área quanto à história e importância da cidade.

Comunidade – Partindo da premissa de que só se valoriza aquilo que se conhece, ao longo das ações de restauração de patrimônio foram realizadas diversas oficinas com professores da rede municipal de Gurupá e criados materiais de apoio para a comunidade local, ambicionando a produção compartilhada de conhecimentos sobre a história, cultura e ambiente da cidade. Essas ações resultaram na curadoria compartilhada da exposição “Gurupá na encruzilhada da história” entre a população e profissionais do Museu Goeldi.

 

Serviço | Exposição “Gurupá na encruzilhada da história”

Data: 20/04 (sexta-feira)

Local: Forte Santo Antônio de Gurupá