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Agência de Notícias

Decifrando o cotidiano do passado através dos microvestígios arqueológicos

Museu Goeldi treina novos pesquisadores para entender os sítios arqueológicos através do tratamento de pequenos vestígios
publicado: 09/04/2015 14h00, última modificação: 20/02/2018 10h36

Agência Museu Goeldi -“Microvestígos: Decifrando a matriz arqueológica” é o tema do minicurso ofertado pela Coordenação de Ciências Humanas (CCH) do Museu Paraense Emílio Goeldi a estudantes de arqueologia, de áreas afins, e a pesquisadores da instituição. O curso, que reúne 18 participantes, encerra nesta sexta-feira, 10 de abril.

Ministrado pela antropóloga e arqueóloga Dra. Anna Tedeschi Browne Ribeiro, o minicurso tem o objetivo de familiarizar os participantes com as possibilidades de tratamento de microvestígios para o melhor entendimento de sítios arqueológicos. Browne explica que microvestígio é “tudo aquilo que deixa algum rastro, algum resíduo, alguma mudança química ou microartefatos. Eles não são necessariamente invisíveis, mas difíceis de enxergar no sítio arqueológico”.

Os microvestígios são componentes importantes para entender os processos cotidianos do passado e o reflexo deles no presente. “Através dos microvestígios é possível saber, por exemplo, como as pessoas processavam alimentos, como elas se organizavam no interior de uma aldeia. É possível compreender até mesmo os processos paleoclimáticos, entender como uma bacia de um rio reagiu a certos eventos climáticos ou como o ser humano modificou certas paisagens a ponto de causar mudanças significativas na ecologia”, explica a arqueóloga.

Esses processos só podem ser identificados com precisão por meio de análises laboratoriais das amostras coletadas nos sítios arqueológicos. O nível de acidez do solo de um determinado sítio, por exemplo, só pode ser medido em laboratório por se tratar de substâncias que não são visíveis ao olho humano e nem mensuráveis em processos simples, e os resultados podem apresentar significados importantes sobre aquele local.      

De acordo com Browne, a Amazônia apresenta aspectos climáticos que acabam destruindo algumas macroevidências observadas nos sítios, dificultando as análises dos processos arqueológicos por meio de métodos tradicionais. Nesse contexto, os microvestígios tornam-se elementos importantes para a investigação do passado.

O curso - Dividido em duas etapas, teórica e de análises, o minicurso possibilitará o exercício de análise com fragmentos de artefatos e plantas recolhidos em campo pelo projeto “OCA - Origens Cultura e Ambiente” do município de Gurupá, no estado do Pará. O evento, iniciado na segunda-feira (6/04), encerra no próximo dia 10 de abril e tem como local os laboratórios da Reserva Arqueológica Mário Simões da Coordenação de Ciências Humanas/Museu Goeldi, no horário das 8h às 12h.

Ministrante –Anna Tedeschi Browne Ribeiro, mestre e doutora em antropologia com ênfase em arqueologia, é pesquisadora associada do Museu Goeldi e realiza pesquisas na Amazônia sobre as interações dos seres humanos com o ambiente, direcionando seu foco à evolução de visões e representações dos trópicos húmidos.

Texto: Mayara Maciel