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Da descrição, a identidade e a função dos seres

O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi - Ciências Naturais está aberto para submissão de novos artigos originais. O centenário boletim divulga trabalhos com olhar especial para seres e fenômenos nas áreas de geologia e biologia, incluindo abordagens de ecologia e conservação da natureza. Relembre algumas das contribuições científicas registradas nas edições de setembro/dezembro 2015 e janeiro/abril de 2016 da publicação
publicado: 21/03/2017 16h15, última modificação: 15/02/2018 15h08

Agência Museu Goeldi - Você que desenvolve estudos na área das ciências naturais, fique atento – o Boletim de Ciências Naturais do Museu Paraense Emílio Goeldi está chamando para a submissão de novas colaborações. A principal missão do periódico é publicar trabalhos originais nas áreas de Biologia (Zoologia, Botânica, Biogeografia, Ecologia, Taxonomia, Anatomia, Biodiversidade, Vegetação, Conservação da Natureza) e Geologia. Para saber mais, clique aqui.

Para Mário Jardim, pesquisador do Museu Goeldi e editor científico colaborador da edição de setembro/dezembro 2015 da publicação, “a riqueza do Boletim é trazer sempre como elemento base a taxonomia, seja vegetal, animal... ou a própria descrição de solos, a parte pedológica. Todos os aspectos descritivos são a identidade de um ser. Estudos ecológicos e de ‘aplicabilidades’ só podem ser feitos a partir dessa identificação”.

Do interior da Floresta Nacional de Caxiuanã, no Pará, até os mangues do sul do Rio de Janeiro, a edição de setembro/dezembro de 2015 do Boletim de Ciências Naturais teve foco especial na descoberta, descrição e classificação de grupos de seres vivos (taxonomia) até a descrição das rochas e a análise das suas características estruturais, mineralógicas e químicas (petrografia).

Boletim de Ciências Naturais_Setembro-Dezembro 2015Já na edição de janeiro/abril de 2016, o foco foram os ecossistemas de canga da região de Carajás (PA), com espaço especial para a geologia. Além disso, as análises das relações dos organismos com o ambiente e os desdobramentos em políticas de conservação e manejo de recursos naturais também tiveram destaque.

Abaixo, relembre conosco os principais pontos abordados nessas duas edições.

Solos – Ao todo, a edição de setembro/dezembro 2016 contou com trabalhos de 24 autores e coautores, de nove instituições diferentes, do Brasil e da Austrália. Dos oito artigos publicados, quatro tratam de solos.  Um expõe resultados de um trabalho de descrição de diques formados há milhões de anos na região de Água Azul do Norte, sudeste do Pará. Outro, realiza trabalho de descrição semelhante na região de Castelo do Sonhos, distrito a 950 km de distância do município de Altamira, no mesmo estado, próximo à fronteira com o Mato Grosso.

A edição traz também resultados de uma investigação sobre a fertilidade dos solos em áreas de mangue na região de Bragança, nordeste do estado do Pará. Já fora da Amazônia, outro artigo faz estudo petrográfico (descrição) e de datação de rochas de uma formação geológica chamada de maciço do Marapicu, no estado do Rio de Janeiro.

Mário Jardim assinala que esses trabalhos mostram aspectos da realidade amazônica e brasileira, como o avanço da erosão, da contaminação de solos e a necessidade das instituições que acumulam conhecimentos sobre esses fenômenos agirem no âmbito da conservação.

Fungos e vegetais – Quatro artigos tratam do estudo de fungos e recursos vegetais na região amazônica e nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Entre os artigos publicados, destaca-se a pesquisa desenvolvida no sul do estado do Rio de Janeiro, na Reserva Biológica Estadual de Guaratiba, onde se localiza o principal remanescente de manguezal do município do Rio de Janeiro. 

A edição também traz um artigo sobre organismos ainda pouco estudados na região Norte, apesar de sua importância e presença em vários ambientes: os fungos. O estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa na Floresta Nacional de Caxiuanã (PA), onde o Museu Goeldi possui uma estação cientifica.

Há também um trabalho que apresenta estudo sobre as briófitas, (plantas que incluem os musgos e as hepáticas), naquela que é a terceira maior reserva de mata nativa do município de São Paulo, o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga.

Por fim, a edição de 2016 ainda conta com um estudo de abrangência nacional, com atualização do gênero vegetal Ruprechtia C.A. Mey. (Polyginaceae) por meio de coletas em campo, consulta a herbários e exame de suas características.

Boletim de Ciências Naturais_Janeiro-Abril_2016Carajás - Já a edição janeiro/abril de 2016 do Boletim de Ciências Naturais traz resultados de projetos desenvolvidos em Carajás (PA), por pesquisadores atuantes em diversos grupos membros da Rede “Diversidade Geoambiental dos Ecossistemas de Canga Ferrífera”, coordenada pelo Prof. Carlos Ernesto Schaefer  (Universidade Federal de Viçosa – UFV). O objetivo da rede é investigar a diversidade geoambiental dos singulares ecossistemas de Carajás (PA) e do Quadrilátero Ferrífero (MG), as mais importantes jazidas de ferro do Brasil. 

Maria de Lourdes Ruivo é pesquisadora do Museu Goeldi e vice coordenadora da rede “Diversidade Geoambiental dos Ecossistemas de Canga Ferrífera”. Ela atuou como editora científica colaboradora da edição janeiro/abril 2016 do Boletim de Ciências Naturais, intitulada “Interações entre substrato e vegetação em ecossistemas de canga no sudeste paraense”.

A pesquisadora explica que o tema da edição surgiu a partir das pesquisas desenvolvidas pela rede em Carajás, notadamente no projeto “Geoambiente, Geodiversidade e valores de referência para metais pesados nas áreas de canga ferrífera em Carajás (PA)”. “O projeto teve início em 2010, com financiamento da mineradora Vale e da Fundação Amazônia Paraense de Apoio a Estudos e Pesquisas (FAPESPA)”, informa Lourdes Ruivo.

Artigos - Ao todo, são oito artigos que apresentam resultados de estudos desenvolvidos por 36 autores em 15 instituições diferentes, incluindo universidades, institutos de pesquisa e consultorias privadas, localizadas em quatro estados brasileiros e também na Tailândia e na Austrália.

Baseada em uma visão interdisciplinar, a edição apresenta artigos que abordam desde a dimensão histórico-humana da ocupação de Carajás, passando pelo rico acervo de informações pedológicas inéditas sobre a região (aqui, aqui e aqui). Mostra também abordagem inovadora sobre a morfologia, estratigrafia sísmica e sedimentologia do Lago de Carajás e um estudo geoambiental integrado, que subsidiou a elaboração do Plano de Manejo da floresta nacional de Carajás.

É possível ainda conferir artigo sobre os efeitos da sazonalidade das chuvas na florística e na estrutura de áreas de regeneração natural dos campos rupestres ferruginosos e uma revisão bibliográfica comentada a respeito do histórico de contribuições do Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição pioneira em várias temáticas de pesquisa em Carajás.

“Carajás é conhecida do ponto de vista da mineração, não do ponto de vista da geodiversidade. Uma coisa que ainda falta, por exemplo, é [entender a região] do ponto de vista geoclimático”, indica Lourdes Ruivo.

Lourdes defende que esses resultados científicos são importantes para dar apoio a recuperação de áreas alteradas e oferecer subsídios para que a empresa mineradora faça seu planejamento de lavra, além de destacar para o público o quanto a região é rica, demandando mais estudos em uma perspectiva interdisciplinar.

Boletim - O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi é um dos periódicos científicos mais antigos do Brasil, com sua primeira edição lançada em 1894. Atualmente, é publicado três vezes ao ano, em duas versões, Ciências Naturais e Ciências Humanas.

O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais (ISSN 1981-8114) possui, como principal missão, publicar trabalhos originais nas áreas de Biologia (Zoologia, Botânica, Biogeografia, Ecologia, Taxonomia, Anatomia, Biodiversidade, Vegetação, Conservação da Natureza) e Geologia.  O Boletim aceita colaborações em português, espanhol e inglês (Inglaterra), em diferentes seções. É uma revista de acesso aberto, o que significa que todo o conteúdo está disponível gratuitamente, sem custo para o usuário ou instituição.

Texto: Uriel Pinho