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Agência de Notícias

Construindo objetos com árvores caídas

Museu Goeldi promove oficina para capacitar moradores do bairro da Terra Firme na utilização de material florestal disponível para a confecção de objetos como bancos, totens e brinquedos
publicado: 13/08/2015 11h00, última modificação: 28/02/2018 09h47

Agência Museu Goeldi - Produzir objetos a partir de árvores caídas de modo a valorizar a memória desses seres tão importantes para as pessoas. Essa é a proposta do artista visual Virgílio Moura, que conduz nesta quarta (12) e quinta (13) a oficina “Alternativas à Utilização de Resíduos Florestais: OBJETOS-ÁRVORE”, em parceria com o Museu Paraense Emilio Goeldi. A oficina acontece no Parque Zoobotânico do Goeldi e faz parte das comemorações de aniversário do espaço, que em agosto completa 120 anos.

Por meio da criação de objetos que preservam a memória e as formas da árvore, Virgílio diz que “você pode lembrar às pessoas que esses objetos vieram de uma árvore, que lá tinha um ninho de passarinho, que ela era um ser vivo, localizada em um lugar específico. Você fica mais íntimo dessa árvore e se abre pra uma serie de reflexões, pois de outra maneira a árvore que originou a madeira é esquecida”.

Olhar diferente sobre as árvores- Essas reflexões são o que mais interessam a José Maria de Souza, participante da oficina, membro do Ponto de Memória da Terra Firme e vice-presidente do centro comunitário Parque Amazônia, no mesmo bairro. Ele diz que oficinas como essa despertam o interesse pela preservação e mudam o olhar, especialmente dos jovens, sobre a preservação ambiental “Quando esse jovem rasga uma folha de papel do caderno da escola, ele vai refletir de onde esse papel veio”. Ele aproveita para destacar que não foi possível garantir a participação das crianças da comunidade Parque Amazônia na oficina, por falta de recursos para transporte. Apesar disso, a divulgação da oficina nas redes sociais do Ponto de Memória garantiu a participação de outros moradores do bairro, como a dona Francisca Rosa dos Santos.

Francisca conta que é participante frequente das atividades do Museu Goeldi em parceria com escolas e lideranças comunitárias da Terra Firme: “sempre frequento palestras sobre o meio ambiente”. Francisca diz que sua principal motivação para as atividades é o fato de que “tudo aquilo que vem pra trocar experiências é válido. Especialmente quando nós, mais velhos, podemos repassar esse conhecimento para os mais novos”.

Já o jardineiro Jardel Batista, nunca havia participado de uma oficina sobre reutilização, com foco na mudança de visão sobre as árvores, apesar de elas serem suas companheiras diárias no Parque. Ele trabalha no Museu há oito anos, cinco deles na área de podagem. Enquanto os participantes percorrem o Zoobotânico do Goeldi em busca de árvores caídas, Jardel mostra alguns bancos rústicos que ele e seus colegas já confeccionam, e destaca que a oficina vai ajudar na melhoria desse serviço.  Para ele, que junto com seus colegas, desenvolve um trabalho técnico de manter a segurança das árvores, dos visitantes e dos animais do Zoobotânico é positivo “ampliar o entendimento sobre a conservação. Nos faz pensar em mais maneira de conservar ao invés de destruir”, explica.

O primeiro dia da oficina foi composto de uma palestra e um passeio pelo parque para identificação de resíduos de árvores, seguido de um exercício para desenhar possíveis objetos que possam ser construídos a partir das resíduos identificados. Já para o segundo dia, está prevista a orientação técnica para o corte e manipulação desses resíduos e a construção dos objetos. Espera-se que os objetos-árvores resultantes da oficina possam ser usados tanto no Zoobotânico do Goeldi quanto nos espaços comunitários do bairro da Terra Firme.

Texto: Uriel Pinho