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Com a floresta preservada

Publicação lançada nas comemorações dos 20 anos da Estação Científica Ferreira Penna apresenta artigos que contribuem para o avanço da ciência e fornecem informações sobre um refúgio para pesquisas: a Floresta Nacional de Caxiuanã
publicado: 02/10/2013 09h45, última modificação: 15/08/2017 10h07

Agência Museu Goeldi - Caxiuanã - Paraíso ainda preservado é o livro sobre os resultados de pesquisas realizadas na Floresta Nacional de Caxiuanã, Unidade de Conservação localizada na região paraense do Marajó. A obra traz vários enfoques da ciência e divulga o conhecimento científico sobre essa parcela da floresta amazônica. O lançamento ocorre durante o Seminário “Biodiversidade, Inovação e Sustentabilidade – Amazônia e Reino Unido: experiências e oportunidades” no dia 3 de outubro, às 18 horas, no Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi. 

Paraíso ainda preservado é a quarta publicação organizada a partir de pesquisas realizadas na Flona de Caxiuanã e compõe série com estudos de 1997, 2002 e 2009. A obra é organizada pelo Dr. Pedro Luiz Braga Lisboa, da Coordenação de Botânica do Museu Emílio Goeldi. Pedro Lisboa foi o primeiro coordenador da Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn), base do Museu Goeldi em Caxiuanã, onde dezenas de pesquisadores das mais variadas áreas do conhecimento atuam produzindo e comunicando ciência. O cargo foi ocupado por ele durante dez anos.

Graça Ferraz, que coordena o Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (NIT/MPEG), assina o prefácio do livro e ressalta a “árdua, porém gratificante tarefa” de Pedro Lisboa em organizar e levar a público resultados das pesquisas realizadas na ECFPn. Segundo ela, esta obra mostra o comprometimento de Pedro e de outros cientistas com as pessoas que na Flona de Caxiuanã vivem, com a floresta em si e com o Museu Goeldi, centenária instituição parceira da floresta.

Sobre a obra – Estruturada em seis capítulos, Caxiuanã - Paraíso ainda preservado contém história e características da floresta que muito instigam estudiosos na busca em decifrá-la. O ambiente físico e o monitoramento ambiental bem como as populações humanas, a fauna, a flora e os fungos são grandes temas presentes na obra.

O artigo Floresta Nacional de Caxiuanã, assinado por Pedro Lisboa, Graças Ferraz e André Luíz Cardoso, debate conservação, riscos e possibilidades que a floresta oferece. Trata-se de um apanhado da biodiversidade e uma mostra de como se dá a ocupação humana, o manejo da floresta em pé e o potencial econômico de espécies não madeireiras.

Plantas que sustentam e curam - Em oito artigos sobre a diversidade vegetal da floresta, há contribuições aos estudos de plantas e suas características gerais desde a fenologia - relativa aos processos ou ciclos biológicos e ao clima - morfologia ou sua aparência externa, forma e configuração das espécies, à anatomia e organização interna de um dado corpo físico.

Sabe-se que os povos tradicionais da floresta possuem vasta experiência na utilização e conservação da biodiversidade e quase sempre é essa diversidade biológica a única fonte da qual provém recursos para sua sobrevivência. Já existem estudos sobre o uso de recursos biológicos na Flona de Caxiuanã, como, por exemplo, as plantas medicinais que pautam Farmacopeia vegetal da comunidade Caxiuanã, na Floresta Nacional de Caxiuanã, assinado por Márlia Coelho-Ferreira, Silvana Rodrigues Rocha e Maria das Graças Pires Sablayrolles. O estudo valoriza o conhecimento local e contribui para a conservação e uso sustentável da floresta, enfocando os moradores locais que encontram em plantas o tratamento para doenças e atributos para uma melhor saúde.

A riqueza animal - A fauna da Floresta Nacional de Caxiuanã se constitui em verdadeiro inventário biológico. Na mais recente publicação da série Caxiuanã, Pedro Lisboa reuniu 14 artigos de pesquisas que tratam, entre outros, de artrópodes, peixes, aves e mamíferos. Atividade reprodutiva, distribuição, riqueza, composição e variação sazonal de espécies são itens de destaque no conteúdo da edição.

Registros que incentivam - Fungos causadores de ferrugem são parasitas ecologicamente abrigados de plantas. Das 729 espécies de fungos Pucciniales existentes no Brasil, 111 apresentam registro para o estado do Pará. Os pesquisadores Helen Maria Pontes Sotão, Joe F. Hennen, Érika S. Freires, Fernanda Mendonça, Fabiano Brito, Isadora França, Carla Castro  detectaram 67 espécies de fungos da ordem Pucciniales, que parasitavam 56 gêneros de plantas. Mesmo com tais levantamentos, ainda são necessários mais estudos sobre a diversidade de fungos da Flona de Caxiuanã. No entanto o trabalho Novos registros de fungos (Pucciniales) para a Floresta Nacional de Caxiuanã, Amazônia e Brasil pode ser considerado um grande incentivo para novas pesquisas sobre o tema.

Registro para a história – O volume organizado por Pedro Lisboa presta homenagem ao pesquisador britânico, Sir Ghillean T. Prance por suas contribuições tanto para a botânica tropical como para a criação da Estação  Ferreira Penna.

Outras personalidades ilustres que tanto contribuíram para a consolidação e fortalecimento da ECFPn, como Guilherme de La Penha, João Murça Pires e Guilherme Maia, receberam homenagens em publicações anteriores organizadas por Pedro Lisboa.

Serviço: Lançamento do livro Caxiuanã, Paraíso ainda preservado, no dia 3 de outubro, às 18h, no Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emilio Goeldi. O lançamento ocorre durante o Seminário “Biodiversidade, Inovação e Sustentabilidade – Amazônia e Reino Unido: experiências e oportunidades”, de 30 de setembro a 4 de outubro, em Belém e Caxiuanã. Evento do dia 3 de outubro será transmitido a partir das 9 horas, aqui.

Texto: Júlio Matos