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Ciências Humanas no PIBIC

A contribuição das Ciências Sociais no Seminário enfoca desde a saúde indígena até a geração de emprego e renda em Curuçá.
publicado: 27/06/2013 14h00, última modificação: 14/08/2017 10h17

Agência Museu Goeldi – O Seminário do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Pibic/CNPq que acontece no Museu Goeldi apresenta, em seu último dia de evento, pesquisas voltadas para a Antropologia e Arqueologia, sob coordenação do Dr. Fernando Marques, arqueólogo e historiador, pesquisador da Coordenação de Ciências Humanas (CCH). A sessão abre espaço para a saúde bucal das populações indígenas, os tempos de guerra do idos anos 70 no Brasil quando os índios Suruí foram recrutados por militares como guias aos guerrilheiros do Araguaia e a atividade de turismo como uma contribuição para geração de emprego e renda para a população do nordeste paraense.

O bloco Pretinhos do Mangue surgiu de uma brincadeira no ano de 1989, numa terça-feira de carnaval, quando um grupo de amigos resolveu ir ao mangue pegar caranguejos para o tira-gosto da festa. De lá para cá, a atividade turística já se tornou tradicional em Curuçá, no nordeste paraense, onde esse, entre outros eventos culturais, retrata a importância do turismo como um mecanismo social de criação de emprego e reflexo direto no turismo laboral. Izabela Cristina Brito Barroso, bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e bolsista PIBIC/CNPq do Museu Goeldi orientada pela Dra. Lourdes Furtado, antropóloga titular do Museu Goeldi, estuda os Reflexos socioeconômicos do turismo no cotidiano laboral dos pescadores da comunidade de São João do Abade, em Curuçá, no Pará.

A pesquisa surgiu a partir de ausência de trabalhos focados no interesse do turismo como causa de mudança social e econômica. Izabela pretende contribuir com a comunidade auxiliando na melhoria do atendimento as demandas e indicando possíveis potencialidades turísticas do local. O trabalho também contou com pesquisa documental, bibliográfica, pesquisa de campo, registros e pesquisas de imagens fotográficas e entrevistas com pessoas que já visitaram o local e dos próprios moradores que vivem essa realidade de turismo na sua cidade natal.

Higiene e Saúde Bucal – O povo indígena Gaviões, da Terra Indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Estado do Pará, ao longo de sua história adquiriu moléstias surgidas após o contato com os brancos, do sedentarismo, do rompimento da dieta tradicional e da dependência de alimentos industrializados.

Com isso, houve uma crescente perda dos dentes e da necessidade de uso de prótese dentária por muitos indígenas. Dimitra Castelo Branco, bolsista PIBIC/CNPq, bacharel em Odontologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), fez estudo sobre as condições de saúde bucal das crianças indígenas dos povos Gaviões. A bolsista foi orientada por Antônio Maria de Souza Santos, antropólogo do Museu Goeldi.

O trabalho destacou a importância do diálogo entre a saúde e as ciências sociais como uma maneira de fornecer dados sobre a condição de saúde bucal desta tribo indígena. Dimitra destacou em sua análise o pouco conhecimento das condições bucais de crianças Gaviões de 0 a 5 anos de idade, onde levou-se em consideração o aleitamento materno, dieta e hábitos de higiene bucal das crianças. Ao todo foram 79 indivíduos, preferencialmente mães e responsáveis das crianças, previamente entrevistadas e orientadas com conceitos bucais a partir daqueles utilizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Tempos de Guerra – Não só a perseguição política o povo indígena Surui/ Aikewar teve que enfrentar desde o início do século XX. Habitantes da Terra Indígena (TI) Tuwa Apekuokawera, área delimitada nos municípios de Marabá e São Geraldo do Araguaia, no Estado do Pará, com 11.764 hectares, o povo Suruí/Aikewar – também conhecidos como Suruí do Pará, Suruí do Tocantins, Mudjetire, ou Sororós – sofreram com invasões da frente extrativista de castanha, de garimpeiros, madeireiros e fazendeiros, além de expedições de poderosos que causavam verdadeiro extermínio de seu povo por conta da exploração de seus recursos naturais.

Paula Monteiro, estudante de Letras, na Universidade do Estado do Pará (UEPA), orientada por Rodrigo Peixoto, da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Goeldi, em seu trabalho para o PIBIC/CNPq mostra que a vida dos Suruí foi sempre marcada por represálias, ataques e outras formas de coerções. Uma vida dramática que não parou por ai. Na chegada dos anos 70, os índios foram recrutados pelos militares como guias de caçada aos guerrilheiros do Araguaia, grupo que confrontou diretamente a ditadura militar no Brasil, entre 1967 e 1975.

O artigo Os Suruí em tempos de guerra no Araguaia relata depoimentos do cacique da reserva Itahy, Tiwabu Suruí, no qual este aponta os abusos sofridos nas mãos dos agentes da repressão. Outros dados também foram reproduzidos em relatório: os depoimentos recolhidos pelo Grupo de Trabalho do Araguaia e informações do Centro Ecumênico de Documentação e Informação.

Ainda nas Humanas – Nesta sessão, trabalhos sobre a análise das comunidades haluêuticas do Rio Xingu para avaliar o que mudou e qual o interesse político sobre Belo Monte será abordado por Yasmin Loureiro, graduanda de Ciências Sociais, orientada pela Dra. Lourdes Furtado, antropóloga do Museu. E também a história oral dos índios Matsigenka do Parque Nacional do Manu, no Peru, é estudado por André Vitor Lima, graduando em Licenciatura Plena em Letras, pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA) e orientado pelo Dr. Glenn Shepard Jr., antropólogo do Museu Goeldi.

Pibic – O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Museu Paraense Emílio Goeldi (Pibic/MPEG/CNPq) é fundamental para formação contínua e crescente de jovens cientistas nas áreas de Ciências da Terra, Ciências da Vida e Ciências Humanas. Já foram muitos os resultados alcançados, a começar pela intensa capacitação de jovens pesquisadores, incentivando-os ao ingresso nos cursos de pós-graduação, bem como no desenvolvimento de pesquisas voltadas para as populações amazônicas, a cultura regional e a sua riqueza natural.

 


Texto: Silvia de Souza Leão