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Agência de Notícias

Arquipélago do Marajó retratado em livro

A história do povo marajoara para o povo marajoara, buscando propiciar discussões que destaquem a região para o Brasil e para o mundo.
publicado: 28/05/2013 14h45, última modificação: 13/08/2017 12h28

Agência Museu Goeldi - No último dia 23, em Belém, aconteceu o lançamento do livro “A Terra dos Aruã: Uma história ecológica do Arquipélago do Marajó”, de autoria do Dr. Pedro Lisboa, pesquisador titular da Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). O evento foi promovido pelo Museu Goeldi em parceria com o Instituto Peabiru.

Há mais de três décadas Pedro Lisboa estuda a região do Marajó e depois de cinco anos de trabalho, que envolveram pesquisas de campo e a redação, a obra foi disponibilizada ao público, que em oito capítulos poderá conhecer o “arquipélago que fascina”.

“Como uma terra de cenários lindos e riqueza fantástica pode ainda assim ser pobre?”, questiona Pedro Lisboa, O pesquisador aponta o descaso político, responsável por não valorizar e aproveitar as qualidades da região para que ela possa destacar-se em nível nacional e mundial.

O autor do livro revelou que a ideia inicial era escrever sobre as embarcações que enfeitam a região, e não foi à toa que um capítulo especial foi dedicado ao tema. Mas, o pesquisador se viu na obrigação de contribuir, de fazer algo pela região, de escrever sobre o Marajó para que as populações marajoaras adquiram conhecimento sobre a sua própria história.

De um “estudo sobre as canoas”, o livro foi muito além e como diz Pedro Lisboa: “foi preciso paciência para desvendar como o homem chegou ao Marajó, como os escravos chegaram ali e como os portugueses também aportaram na região”. E com essa miscigenação foi que se formou as atuais populações marajoaras.

Resgate - “A Terra dos Aruã: Uma história ecológica do Arquipélago do Marajó” resgata a história das populações do Marajó, desde os Aruã – os indígenas, primeiros habitantes do arquipélago, até o período colonial. As características físicas, assim como a origem do latifúndio marajoara; a economia; os ambientes biológicos e antropogênicos; os aspectos do perfil social das populações, e um apanhado etnográfico da história da indústria naval artesanal na ilha elencam os capítulos.

O livro retrata os doze municípios que compõem o arquipélago do Marajó em seu lado leste, o qual o pesquisador detinha mais conhecimentos por conta das constantes viagens e pesquisas ali realizadas são eles: Afuá, Anajás, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure. Os municípios de Bagre, Portel, Gurupá e Melgaço, que fazem parte da mesorregião marajoara – lado oeste- farão parte de um próximo livro, segundo Pedro Lisboa.

Dra. Ima Vieira, também da Coordenação de Botânica do Museu Goeldi, não pôde comparecer ao lançamento, mas enviou carta que foi lida por Iraneide Silva, do Núcleo Editorial de Livros do Museu Goeldi.

Ima Vieira parabenizou Pedro Lisboa pelo trabalho, assim como o Museu Goeldi pela bela edição e o povo marajoara que ganhou um presente para a própria história.

Marajoara, Ima Vieira, conta que a leitura de “A Terra dos Aruã: Uma história ecológica do Arquipélago do Marajó” faz o leitor viajar pelos campos e florestas do Marajó. A leitura é “uma ótima oportunidade para conhecer o que está longe do Brasil, mas perto de nós paraenses”, enfatiza Ima Vieira.

Agradecimentos – Ao final da cerimônia Pedro Lisboa mencionou entre outros o Diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas Jr., o pesquisador André Cardoso pelo apoio oferecido e Dra Graça Ferraz, Coordenadora do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (NIT) do Museu Goeldi que muito colaborou no desenvolvimento do livro.

Importância - João Meirelles Filho, diretor do Instituto Peabiru, atendendo a pedido do Museu Goeldi, resenhou o livro de Pedro Lisboa no último número do Boletim Ciências Humanas, do MPEG, edição de janeiro a abril de 2013, disponível aqui. Meirelles ressalta a importância da publicação devido à escassez de livros que retratam o arquipélago. Segundo Meirelles, da pequena bibliografia existente em língua portuguesa sobre o Marajó, poucos exemplares são encontrados em grandes redes de livrarias na internet ou em sebos. “Diante desta seca de livros, Lisboa apresenta um Marajó vasto e complexo”, afirma.

Ainda de acordo com João Meirelles Filho,“O que resulta da leitura de tão importante obra é que se trata de uma referência para consulta permanente, um clássico. É fruto de quem ama a região, de quem a palmilha e vivencia”. O livro será distribuído às escolas e organizações não governamentais do Marajó.

Texto: Júlio Matos