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Agência de Notícias

Antropóloga do Museu Goeldi é eleita para o Instituto Histórico e Geográfico do Pará

Um dos grandes nomes na pesquisa sobre a Amazônia fluvial e haliêutica, a pesquisadora Lourdes Furtado passará a ocupar a cadeira de número 03, cujo patrono é Alfredo Ladislau. Com seu trabalho, Furtado consolidou os estudos sobre sociedades pesqueiras na região e estabeleceu uma relação de parceria com gerações de pescadores.
publicado: 06/06/2019 12h34, última modificação: 06/06/2019 14h02

Agência Museu Goeldi  Em assembleia geral realizada no dia 10 de maio pelo Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), foram divulgados os dois novos sócios efetivos selecionados para ocupar os assentos vagos da Instituição. A antropóloga do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Lourdes Furtado foi a escolhida para ocupar a terceira cadeira, que tem como patrono Alfredo Ladislau, que investigou e refletiu sobre a Amazônia durante a primeira metade do século XX, quando publicou obras importantes como Terra Immatura.

A assembleia de divulgação dos novos efetivos foi presidida pelo historiador José Maia Bezerra Neto, no Solar Barão do Guajará. Os eleitos deverão tomar posse de suas cadeiras até o dia 13 de agosto.

Desde que passou a integrar o corpo científico do Museu Goeldi na década de 60, a dedicação de Lourdes Furtado ao conhecimento das características, crenças e costumes que englobam a pesca artesanal na Amazônia fez com que se tornasse pioneira e uma das lideranças científicas na área. Através do projeto Recursos Naturais e Antropologia das Sociedades Marítimas, Ribeirinhas e Estuarinas (Renas), Furtado articulou uma rede interdisciplinar de pesquisadores para estudar diferentes aspectos da vida das comunidades pesqueiras e seu ambiente. O projeto foi além da pesquisa e envolveu trabalhos de extensão e trocas intensas com as comunidades, que se tornaram parceiras em ações de estudo, comunicação e extensão. Com o RENAS foi possível compreender mais sobre o universo das tradições culturais da vida ribeirinha, a partir de narrativas de moradores de diversas comunidades que trabalham em rios, lagos e na área costeira da região amazônica. A perspectiva de análise ampliou ainda mais com a cooperação internacional com outros países da África e Europa.

Outro fruto gerado pelos trabalhos desenvolvidos pelo Renas é o Laboratório de Antropologia dos Meios Aquáticos (LAMAq), que contribui com estudos que auxiliam a implantação e gestão de Unidades de Conservação (UC) na região amazônica, bem como subsidiam a legislação de uso dos recursos naturais e ofertam oficinas de capacitação para as comunidades. As UCs têm a função de salvaguardar a representatividade de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Além disso, garantem às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma racional e ainda propiciam às comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis.

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Lourdes Furtado é graduada em história pela Universidade Federal do Pará (1966), com especialização em antropologia social, pelo Museu Goeldi (1968). A antropologia da pesca foi o foco de seu mestrado e doutorado em ciência social, ambos na Universidade de São Paulo (1980 e 1989). É discípula de dois ilustres mestres: Eduardo Galvão e Napoleão Figueiredo, também patronos do IHGP.

Ao receber um lugar no silogeu do Instituto por suas contribuições à ciência da cultura de pesca – a antropologia é uma das áreas de conhecimento centrais do IHGP, juntamente com história e geografia – a pesquisadora Lourdes Furtado recebe de seus pares o reconhecimento por seu extenso legado nos estudos antropológicos na Amazônia.

IHGP – O IHGP é uma associação científica e cultural que busca promover o estudo, estimular o desenvolvimento e fazer a difusão dos saberes históricos, geográficos e antropológicos, sobretudo os relacionados a Amazônia. Criada em 1900, entre os nomes que integraram a comissão encarregada dos trabalhos necessários para a sua fundação está o de Emílio Goeldi, zoólogo suíço que ajudou a consolidar o MPEG como referência na pesquisa sobre a sociobiodiversidade da Amazônia.

O IHGP possui 70 cadeiras, todas patronadas por figuras ilustres da área da história, geografia e etnografia amazônica. Os assentos são ocupados por sócios efetivos, cujas realizações devem ser similares aos patronos.