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Agência de Notícias

Amazônia para ler, ver e vestir

O Museu Goeldi abre um novo espaço para divulgação científica misto de cafeteria, loja e livraria, com a parceria do Instituto Peabiru, do Me Gusta Creamery e apoiados por uma rede de criadores articulados pela empresa Samaúma. O espetáculo infantil “Tambor de Dentro”, dos atores e músicos Ester Sá e Renato Torres, movimenta o dia da abertura.
publicado: 26/04/2018 09h45, última modificação: 02/05/2018 10h28

Agência Museu Goeldi – Neste domingo, dia 29 de abril, os visitantes do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) poderão conhecer a nova atração do seu Parque Zoobotânico. O Espaço Museu Goeldi, instalado em um charmoso e pequeno prédio histórico ladeado pelo Laguinho dos Tambaquis, reunirá as publicações da instituição, artesanatos de comunidades indígenas e tradicionais, e uma variedade de produtos personalizados de criadores inspirados na cultura, fauna, flora e ambientes amazônicos. Para aguçar o paladar, o Espaço também contará com cafeteria, onde ainda poderão ser saboreados sorvetes e pequenos lanches. Um deque incorporado à edificação histórica será local de shows, lançamentos, encenações, recitais e saraus.

No Espaço Museu Goeldi, as novidades da cafeteria têm o selo da Me Gusta Creamery. Já a loja e livraria estarão sob a gerência da Samaúma – empresa coordenada pelas grifes Arte Papa Xibe (de Gisele Moreira e Norberto Ferreira) e Yemara Ateliê (da designer Lídia Abrahim) e que reúne uma rede de criadores estimulados pelo universo amazônico.

O Espaço Museu Goeldi vai ter de tudo um pouco. Cada detalhe tem um conceito e um trabalho manual envolvido para receber os visitantes do Parque Zoobotânico. Ali poderá ser encontrado tanto o livro com resultado de pesquisas como também o cafezinho ou o lanche ligeiro da tarde, assim como apreciar histórias por meio dos artesanatos.

A viabilização do Espaço MG é um dos resultados do ProGOELDI (programa da sociedade civil coordenado pelo Instituto Peabiru). Um Conselho Curador, composto por pesquisadores e técnicos do Museu Goeldi e representantes da Peabiru, avalizam os produtos em exposição na lojinha. A presidente do Conselho, Benedita Barros (MPEG), sintetiza o propósito do Espaço Museu Goeldi: “apresentar resultados de estudos e projetos institucionais, a produção de comunidades parceiras e criadores inspirados nas coleções do Museu Emílio Goeldi”. Benedita também acrescenta que os produtos a serem comercializados, além de resultar de um encontro de saberes científicos e tradicionais, devem estar afinados com os valores institucionais, ter qualidade comprovada e agregar princípios como socialmente justo, não poluente, comércio ético e solidário.

Conheça um pouco mais das atrações chaves que ancoram o Espaço MG:

Publicações – Os visitantes poderão conhecer livros, cadernos e cartilhas produzidos pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. A instituição edita um leque diversificado de publicações nas áreas de conhecimento onde se estabeleceu como referência (Ciências Naturais e Humanas), que incluem Botânica, Zoologia, Ciências da Terra, Ecologia, Antropologia, Arqueologia e Linguística. Existem tanto livros para especialistas quanto para curiosos, e para os públicos adulto e infanto-juvenil. O Espaço será também um local para os lançamentos de obras literárias e contação de histórias.

Samaúma – Responsável pela gestão da lojinha do Espaço MG, a  empresa Samaúma foi inspirada em 2013, quando Lídia Abrahim e Gisele Moreira participaram da associação de artesãos que criou peças personalizadas baseadas nas pinturas rupestres amazônicas para os visitantes da exposição Visões, organizada pelo Museu Goeldi para divulgar diferentes percepções da arqueologia de Monte Alegre, tema investigado pela arqueóloga Edithe Pereira (MPEG).

“A nossa primeira experiência de loja foi quando participamos de um projeto de arqueologia. Criamos, então, uma associação chamada Cria Amazônia”, relembra Lídia. Baseada nessa experiência que vivenciaram no passado, elas voltam ao Museu Emílio Goeldi após serem procuradas pelo ProGOELDI como personagens importantes do novo Espaço do Museu. Lídia e Gisele estão ajudando na organização de um local aconchegante e cheio de histórias, para intermediar a relação entre a comunidade científica da instituição, os criadores que se inspiram na Amazônia e o público diversificado que visita o Parque Zoobotânico. A loja do Espaço MG irá expor artesanatos tradicionais, peças de vestuário, produtos reciclados e em metal, souvenirs e artes.

“É um espaço para você ver e se encantar. É isso que queremos passar para as pessoas: que se encantem não só pela questão estética da loja, mas pelos produtos que vão estar expostos aqui, pela história e pela pesquisa que vão estar impressas nesses produtos. A pessoa não vai comprar um produto simplesmente pela questão comercial. Ela vai conhecer a pesquisa e também comprar uma história. Uma arte. Então aqui a gente vai ter um pouquinho das áreas do Museu Goeldi”, ressalta Gisele Moreira.

Produção de comunidades – O Museu Emílio Goeldi interage e estabelece parcerias com populações indígenas e tradicionais (como quilombolas, pequenos agricultores, pescadores e artesãos de várias localidades da região). Nessa interação, a instituição muitas vezes incentiva a geração de renda e a profissionalização do artesanato desses grupos. Os frutos desses processos também poderão ser encontrados na loja do Espaço MG. O local pretende apresentar visões, incentivar a preservação e valorização das culturas amazônicas.

Segundo Benedita Barros, a presença dos produtos das comunidades e de criadores autônomos é a singularidade que irá consolidar o Espaço Museu Goeldi como um local diferenciado de divulgação científica. Lídia e Gisele entendem que essa abertura da instituição para a troca de saberes e o comércio criativo e justo é um dos papéis importantes da instituição, posição também defendida por Maria Emília Sales, coordenadora de Comunicação e Extensão do MPEG.

“As comunidades envolvidas com as pesquisas do Museu, quando há incentivo à produção artesanal, muitas vezes, não têm a oportunidade de expor e comercializar seus produtos, de serem vistos e serem conhecidos. O Espaço MG e a Samaúma darão essa oportunidade. A gente quer valorizar o artesão. Você vai chegar aqui e saber quem fez tudo, de onde é, de qual comunidade, quem é o artesão, desde quando ele cria. A gente quer mostrar a história das pessoas. Não queremos simplesmente comercializar de qualquer forma o artesanato. A gente quer evidenciar tudo que tem de história e de único naquela marca. Então acho que a comunicação vai ser um grande elo entre as comunidades, entre os artesãos e o público”, explicam animadas Gisele e Lídia.

Uma das comunidades indígenas envolvidas com as pesquisas do Museu Goeldi é o povo Mebêngôkre-Kayapó. Três aldeias da etnia são parceiras do Laboratório de Práticas Sustentáveis¸ coordenado pela antropóloga Claudia López (MPEG). Elas estão situadas nos municípios de Redenção, Pau d’ Arco e Floresta do Araguaia, no sudeste do Pará, na terra Indígena Las Casas. Os Mebêngôkre-Kayapó completam as atividades básicas de subsistência com as vendas dos objetos artesanais, produzidos com as matérias-primas locais e seguindo uma divisão do trabalho por gênero. Eles utilizam madeira, palhas e talos de espécies de palmeiras, além do traçado de fibras naturais dessas espécies, e, ainda, miçangas na fabricação de pulseiras, técnicas de grafismos e crochê, entre outros processos artesanais.

Me Gusta Creamery – Lançado há um ano em Belém, o Me Gusta Creamery oferece em dois pontos diferentes da cidade uma grande variedade de sorvetes, opções de café e pequenos lanches. A criadora e idealizadora do empreendimento, Lorena Magalhães, ex-participante do quadro Jogo de Panelas, do Programa Mais Você (TV Globo), quis trazer para o circuito urbano algo novo, que juntasse um ambiente alegre e colorido e sorvetes diferentes para o seu público. No Espaço MG, Lorena irá apresentar um cardápio básico para que os visitantes do Parque Zoobotânico possam se refrescar, degustar algumas delícias e espairecer.

Lohse – O Espaço Museu Goeldi, instalado no prédio Ernst Lohse, situado logo atrás do pavilhão da Rocinha, é cercado por uma das paisagens mais encantadoras do Parque Zoobotânico e tem como área extra um deque, onde acontecerá shows, lançamentos, encenações, recitais e saraus. O prédio, a paisagem do entorno e o calendário de eventos são as outras atrações do Espaço MG.

O prédio histórico que homenageia o artista alemão abrigava o laboratório de fotografia do Museu Goeldi. Após a reforma e reorganização, o espaço reabre colorido e personalizado para receber o público que deseja apreciar um café ou algo gelado e levar para casa algum objeto da Amazônia para ler, ver ou vestir.

Abertura e funcionamento – A abertura do Espaço Museu Goeldi será neste domingo, 29 de abril, e contará com a participação especial dos atores e músicos Ester Sá e Renato Torres, que irão apresentar Tambor de Dentro, um espetáculo cênico e musical para crianças. As composições da dupla são autorais e tratam de forma lúdica assuntos da infância, buscando ajudar a jovem plateia a olhar o mundo através de um trato carinhoso com as palavras.

Oswaldo Braglia, coordenador do ProGOELDI pelo Instituto Peabiru, conta que o espetáculo chega ao Museu Goeldi com o apoio do Banco da Amazônia, uma das instituições mobilizadas para aportar recursos para atividades do MPEG.

O Espaço Museu Goeldi ficará aberto ao público visitante do Parque Zoobotânico, de quarta-feira a domingo, inclusive feriados, no horário de 10h às 16h.

 

Texto: Karolainy Lima e Joice Santos.

 

Serviço | Abertura do Espaço Museu Goeldi

Local: Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Av. Magalhães Barata, São Braz, Belém/PA).

Data e hora: 29 de abril de 2018, às 10h.