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A ictiofauna no Arquipélago do Marajó

A ictiofauna no Arquipélago do Marajó
publicado: 07/11/2012 14h27, última modificação: 04/08/2017 09h38

Agência Museu Goeldi - A ilha de Marajó apresenta uma grande biodiversidade, que está ameaçada devido a vários fatores. Luciano Montag, Tiago Freitas, Ana Cristina Oliveira eRonaldo Barthem apresentam em seu artigo, Environmental  Assessment and Aquatic Biodiversity Conservation of Amazonian Savannas, Marajó Island, Brazil,uma avaliação da diversidade de peixes na ilha do Marajó, além de  aspectos históricos e biológicos da fauna aquática (ictiofauna) local e o que a ameaça. Os pesquisadores também avaliam as dificuldades e desafios para implantar um plano de conservação e de manejo na região.

 
O Arquipélago do Marajó – O conjunto de ilhas possui cerca de 50 mil quilômetros quadrados e é a maior ilha fluviomarítima do mundo. Sua grande diversidade aquática está principalmente ligada a seu sistema de marés que gera diversos habitats. Esses habitats são gerados pelo complexo sistema de marés da região, pelo clima e pelo nível pluviométrico. A ilha é cercada de praias argilosas, mas sua composição é de terra firme e várzea. Lagos, lagoas, praias,rios e manguezais, ajudam a compor os diversos habitats da região.
 
O açaí e o miriti, junto com a pecuária de búfalos são as principais atividades econômicas da região. Mas nem sempre foi assim. No século XVII quando os primeiros colonizadores chegaram à ilha desenvolveram um sistema de plantation de algodão e tabaco, o que era muito comum na Amazônia nesse período. No século XIV, com a chegada dos búfalos, a vegetação primária deu lugar a pastos.
 
A criação de búfalo ainda é uma atividade econômica importante, assim como o turismo, a pesca industrial, a produção de abacaxis e processamento de palmitos. A agricultura de baixa escala ainda está presente como principal renda para a maioria dos habitantes da ilha. Todas essas atividades econômicas contribuem para a degradação do meio ambiente, porque são feitas sem controle, sem um plano de manejo ou de conservação, o que influencia de maneira direta na diminuição de peixes da região. 
 
Acredita-se que a ilha do Marajó tenha uma das ictiofauna mais ricas do mundo, com mais de 300 espécies diferentes habitando a região, mas apenas 254 espécies catalogadas de oito famílias diferentes, Cetopsidae, Ctenoluciidae, Paralichthyidae, Poeciliidae, Polycentridae, Rivulidae, e Trichomycteridae. Existem poucas espécies endêmicas (que se localizam somente em uma área),mas existem várias espécies que são adaptadas a altas temperaturas e a baixos níveis de oxigênio na água.Há ainda espécies que conseguem passar dias fora da água devido a órgãos adaptados como, por exemplo, o pirarucu que tem uma bexiga natatória.
 
O bioma da ilha do Marajó sofre grande influência da variância das marés. A reprodução dos peixes e o período de pesca são os mais afetados por isso. Na época de cheia o nível do rio sobe e a pesca fica mais difícil devidoà dispersão dos peixes, enquanto que na época de seca a pesca é facilitada pela alta concentração de peixes para pouca água. A reproduçãodos peixes não é na mesma época, devido o grande número de espécies diferentes. A época em que se reproduzem varia de espécie para espécie. O poraquê, por exemplo, se reproduz no final da época da cheia enquanto o cambotá reproduz-se no começo da época da cheia. 
 
A região do arquipélago do Marajó é das mais ameaçadas, em termos de sua ictiofauna, da Amazônia, contrastando com o fato de ser uma das menos protegidas. A maioria das suas atividades econômicas, por ser sem controle, é prejudicial. No ano de1989 foi criada a Área de Preservação Ambiental (APA) do Marajó, mas esse modelo de conservação é pouco pratico em longo prazo. Os autores propõem que seja criada uma Reserva da Biosfera para preservar melhor o meio ambiente. Reservas da Biosfera são áreas terrestres ou costeiras que procuram conciliar o desenvolvimento econômico da região com a preservação de sua biodiversidade. Esse tipo de proteção ainda está longe de ser implantada devido à falta de estudos na região. Para os autores o Arquipélago do Marajó ainda tem que ser estudo para catalogar as espécies endêmicas, as espécies ameaçadas, onde elas se distribuem e entender a sua importância dentro do meio ambiente. 
 
Texto: Fernando Cabezas