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Agência de Notícias

PELD aporta recursos no Estudo da Seca da Floresta

Desenvolvido na Amazônia brasileira há cerca de 20 anos, o projeto é reconhecido por medir as mudanças na floresta tropical sob condições climáticas experimentais adversas. Participam da iniciativa 19 pesquisadores do Museu Goeldi, da UFPA e de outras organizações nacionais e internacionais.
publicado: 16/12/2020 10h26, última modificação: 17/12/2020 19h06

Agência Museu Goeldi - Reconhecido por monitorar há 20 anos as interações entre solo, planta, fauna e atmosfera na floresta amazônica, o Estudo da Seca da Floresta (ESECAFLOR) teve um novo projeto aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Essa será a terceira vez que o estudo receberá apoio do CNPq/MCTI. A iniciativa é considerada única no planeta por experimentar e monitorar, no decorrer de duas décadas, os possíveis efeitos das mudanças globais sobre a floresta tropical. A primeira aprovação em edital do CNPq se deu em 2012 e a outra, em 2016.

O novo projeto, cujo título é “O impacto do estresse hídrico artificial na biota do sub-bosque da floresta amazônica no projeto ESECAFLOR: 20 anos de monitoramento e lições aprendidas”, deve ter três anos de duração, com financiamento pelo Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD). A proposta foi submetida por Leandro Valle Ferreira, pesquisador da Coordenação de Botânica e docente do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Evolução do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e Antônio Carlos Lôla da Costa, pesquisador voluntário do MPEG, bolsista de produtividade do CNPq e professor titular aposentado da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Enquanto Leandro coordena o sítio de Pesquisas de Longa Duração em Caxiuanã, Antônio Lôla e o professor João de Athaydes Silva Júnior, do Instituto de Geociências da UFPA, lideram o ESECAFLOR.

O novo projeto aprovado pelo CNPq conta com a participação de mais 17 cientistas do MPEG; da UFPA; das Universidades de Exeter (Reino Unido), Nacional Australiana (ANU, sigla em inglês) e de Hamburg (Alemanha); dos Institutos Tecnológico Vale (ITV) e Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO).

Como os recursos aprovados não são suficientes para o desenvolvimento de todas as atividades de pesquisas propostas e, principalmente, para a manutenção da estrutura do ESECAFLOR, os pesquisadores continuam buscando mais recursos financeiros em órgãos de fomento às pesquisas nacionais e internacionais, que possibilitem a concretização dos estudos.

Funcionamento - O local de realização do ESECAFLOR é a Estação Científica Ferreira Penna do Museu Goeldi, mantida na Floresta Nacional (FLONA) de Caxiuanã, uma unidade de conservação de uso sustentável situada no município de Melgaço, a cerca de 400 quilômetros de Belém.

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O objetivo do experimento é observar quais as estratégias de utilização de água e carbono de uma floresta tropical chuvosa submetida a uma situação de escassez de água. A preocupação com o aumento da temperatura e a redução da umidade decorre das projeções de cenários climáticos futuros para a região amazônica, feitas por especialistas de todo o mundo.

A estrutura física do projeto envolve duas parcelas de 01 hectare, o equivalente a um campo de futebol em cada. Ambas as áreas são delimitadas por trincheiras cavadas com profundidades que variam de 0,5 a 1,5 metros.

A primeira área, conhecida como “parcela controle”, continua sob condições normais e é usada como referência para os experimentos realizados na outra parcela, chamada de “B”.

Na parcela B, são excluídos cerca de 50% da água da chuva, por meio de uma estrutura composta por, aproximadamente, seis mil painéis plásticos, distribuídos a uma altura que varia de 1,5 a 3,5 metros acima do solo. A água captada é, assim, transportada através de calhas para uma trincheira que a exclui por gravidade.

Cada uma das áreas possui uma torre metálica com 30 metros de altura. Essas torres permitem o acesso às árvores, facilitando as análises de fisiologia vegetal, assim como o monitoramento por estações meteorológicas automáticas. Feitas desde 2001, todas as medições são realizadas simultaneamente em ambas as parcelas.

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Na prática, essas análises incluem o registro da temperatura e da umidade do solo em diversos níveis, informações meteorológicas da superfície até acima da copa das árvores e medições periódicas do crescimento da vegetação. Outros fatores como a queda das folhas, frutos e galhos; os fluxos de seiva em diversas árvores e de gás carbônico das árvores e do solo; bem como o impacto da redução hídrica na comunidade de plantas e animais do sub-bosque também são observados pelos estudiosos.

“A pesquisa possui uma grande importância, pois tentamos entender o mecanismo de funcionamento da vegetação através das medições e o que deve ocorrer se os cenários de mudanças climáticas se concretizarem”, contam os autores do novo projeto.

Eles lembram que os resultados dos estudos e medições podem contribuir tanto para a realização de novas pesquisas quanto para nortear políticas públicas nacionais e internacionais de mitigação das alterações no clima.

“De forma geral a comunidade de plantas na parcela experimental tem menor biomassa, densidade e riqueza de espécies do que a controle, corroborando o que os modelos de predição climática que dizem que a diminuição de chuvas da Amazônia irá transformá-la em outro tipo de vegetação”, afirmam na proposta aprovada junto ao PELD/CNPq.

 

Serviço: Para conhecer mais sobre o ESECAFLOR, visite http://www.esecaflor.ufpa.br/.

Para conhecer mais sobre o Sítío PELD-FNC visite a página do projeto no Facebook.